Delação de Fanini causa "abalo sísmico" na véspera da campanha
Faltando pouco mais de dois meses para o início da campanha eleitoral no Paraná, a política estadual sofreu nesta terça-feira uma espécie de terremoto com a revelação, pela RPC, da delação premiada de um dos principais implicados na Operação Quadro Negro, que apurou desvios de aproximadamente R$ 20 milhões em verbas destinadas a obras de construção de escolas pelo Estado.
No acordo com a PGR (Procuradoria Geral da República), que vazou antes mesmo de ser homologado, o ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação, Maurício Fanini, fez graves acusações não só ao ex-governador Beto Richa, mas também a vários deputados, ex-secretários estaduais e empresários supostamente implicados em um esquema usado para financiar campanhas e bancar mordomias.
Réu em três ações criminais e preso atualmente na carceragem da Polícia Federal em Brasília, para onde foi transferido a pedido de sua defesa, Fanini relatou uma série de ilegalidades que teriam sido praticadas por ele próprio a pedido do ex-governador e pessoas próximas dele.
O INÍCIO
Segundo Fanini, recursos de caixa 2 começaram a abastecer as campanhas de Richa em 2002, quando da derrota para Roberto Requião. O dinheiro viria de empresas prestadoras de serviços à Prefeitura de Curitiba e seria negociado sempre por Ezequias Moreira e Luiz Abi.
Depois de eleito governador, Richa o teria chamado para coordenar mais um esquema de arrecadação, desta feita para a campanha a prefeito de Luciano Ducci. A partir daí, delatou Fanini, a arrecadação passou a ser regular e com prestação de contas diretamente a Richa.
O dinheiro, segundo ele, era levado para sua casa e lá mantido à espera da ordem do governador para sua destinação. Foi aí, contou, que conheceu o empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor e a quem teria sido apresentado por Valdir Rossoni.
MAIS IMPLICADOS
Sustentando que, alem de bancar campanhas eleitorais, o dinheiro arrecadado também financiava viagens internacionais dele próprio, do governador, familiares e amigos, Maurício Fanini também citou vários outros nomes importantes que teriam ou ainda seriam beneficiados pelo esquema.
Dentre outros, mencionou o atual presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano, o também deputado estadual Plauto Miró, os ex-secretários estaduais Deonilson Roldo e Pepe Richa, o procurador geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, o pré-candidato a deputado estadual Marcello Richa (cujo apartamento teria sido parcialmente pago com dinheiro do esquema) e os empresários Jorge Atherino, Beto Freire e Eron Cunha. (Foto: Gazeta do Povo)