A participação feminina na modernização do agronegócio
Dilceu Sperafico
As mulheres continuam assumindo cada vez mais a administração e a operação do agronegócio nacional, como esposas e filhas de agricultores ou formandas de cursos superiores voltados à produção agropecuária e preservação de recursos naturais, além de dirigentes de entidades de classe e detentoras de funções públicas, regionais, estaduais e nacionais, todas com desempenho exemplar.
O crescimento feminino na atividade rural acontece em todo o País e não apenas na produção de leite e hortifrutigranjeiros, como demonstram levantamentos de instituições vinculadas ao agronegócio, mas em algumas Unidades da Federação essa expansão é ainda maior.
No Distrito Federal, segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/DF), as mulheres já representam 38% dos agricultores cadastrados no território da capital do País e estão assumindo, cada vez mais a gestão, expansão e modernização dos negócios.
Em áreas rurais do Distrito Federal tratores são pilotados por mulheres, pois em muitos casos a função tradicionalmente desempenhada por homens também passou a ser assumidas por elas, demonstrando que as agricultoras estão ocupando, cada vez mais, a dianteira dos negócios no campo.
Segundo dados da Emater/DF, a maioria das mulheres produtoras rurais concentra-se em atividades como a agroindústria artesanal, fabricação de utensílios domésticos, criação de gado leiteiro, cultivo de hortaliças e floricultura, além do comércio regular desses produtos.
Segundo o engenheiro agrônomo Gilmar Batistella, extensionista rural da Emater/DF, as mulheres e, também os filhos, estão fazendo mais parte dos negócios agropecuários como participantes e/ou produtores e não apenas como familiares, pois seus membros deixam de ser somente marido, mulher e filhos e passam a ser parceiros no agronegócio.
Na agropecuária da região, segundo o extensionista, até o início dos anos 2000, o pai ou chefe da família tocava as atividades muito mais sozinho, mas isso está mudando.
Para especialistas, no meio rural, a lógica de funcionamento é semelhante à empresarial, pois o produtor planta, colhe, vende, administra documentação e financiamentos, faz o operacional, estratégico e planejamento, cujo bom desempenho no conjunto se torna cada vez mais difícil de ser conduzido somente pelo chefe da família.
Assim como acontece em todo o País, para capacitar e profissionalizar os produtores, a Emater/DF oferece uma série de cursos técnicos, incluindo o de tratorista e somente no Distrito Federal cerca de 40 mulheres têm o certificado de direção, manutenção e manuseio das máquinas modernas e gigantes de plantio e colheita de alimentos.
As mulheres também têm sido responsáveis pela expansão da produção de flores e plantas medicinais, pois na atualidade elas têm muito mais autonomia para o desenvolvimento de atividades no campo.
Conforme a Emater/DF, as principais demandas das agricultoras são por pontos de comercialização de sua produção, especialmente de hortifrutigranjeiros, melhorias de infraestrutura, como estradas e acessos às propriedades, sinal telefônico, internet, energia elétrica e transporte público, além de saúde e segurança.
Outro desafio estaria no crédito rural, pois a obtenção de financiamentos para o plantio de lavouras e aquisição de insumos e equipamentos, seria mais difícil para mulheres em determinadas instituições bancárias. (Imagem: Sistema Faep)
Dilceu Sperafico é ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Paraná - dilceu.joao@uol.com.br