Capitão não repreende general
Em mais uma jogada mesquinha daquelas que se tornaram comuns na política brasileira, infelizmente, depois de quatro horas de debates, Davi Alcolumbre encerrou a sessão de ontem do Congresso, adiando para hoje a aprovação (com a expressiva votação de 392 votos a 2) dos vetos do presidente Jair Bolsonaro ao orçamento impositivo. A desculpa, desta feita, foi uma suposta demora no envio dos projetos relativos ao acordo dentro do qual o Palácio do Planalto se viu obrigado a repassar a senadores e deputados a decisão sobre a aplicação de mais R$ 15 bilhões do orçamento de 2020, depois de duas semanas de crise intensa por conta da avidez da maioriados congressistas, que nos últimos tempos tem aumentado sobremaneira sua ingerência sobre a execução orçamentária federal, um terreno cada dia mais fértil para a prática da corrupção com o dinheiro público. Na verdade, Alcolumbre buscou com o adiamento aumentar a pressão para que o presidente da República atendesse seu pedido para fazer uma reprimenda pública ao estrelado ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, pelo desabafo que este fez dias atrás acusando os congressistas de agirem como chantagistas. Se entendesse da disciplina militar, por pouco que fosse, Alcolumbre saberia que se há um lugar onde ainda há ordem no Brasil é a caserna, e que é totalmente utópico imaginar um capitão puxando a orelha de um general. Ainda mais em público!
Escalada
A propósito, não é de hoje que o Legislativo busca invadir a seara do Executivo. Em 2015, o Congresso mudou a Constituição e tornou impositivas as emendas individuais. Quatro anos mais tarde, voltou a mexer na Carta Magna tornando de execução obrigatória as emendas de bancada. E agora busca fazer o mesmo também com as emendas de comissões e do relator do orçamento, minguando ainda mais o papel do governo como ordenador de despesas.
Coronavírus
Saiu publicado no Diário Oficial desta quarta-feira o decreto municipal reconhecendo emergência em saúde pública em Cascavel para facilitar o enfrentamento à iminente chegada do coronavírus que está se propagando pelo mundo a partir da China. Mas isso não deve ser motivo de alarde, pois se trata apenas de uma necessidade legal para que o Município possa adquirir com maior facilidade e rapidez materiais necessários para o enfrentamento do problema. A questão da dengue ainda deve ser motivo de muito maior preocupação na cidade.
Antes do prazo
Saber-se-á em breve quem deixará o Governo Ratinho Junior para concorrer às eleições municipais deste ano. É que o governador definiu com seu grupo político que quem quiser se submeter ao crivo das urnas em outubro próximo terá de se afastar até o fim deste mês de março, um bocado antes do que a lei exige. A decisão tem por objetivo evitar que a disputa eleitoral atrapalhe os trabalhos desenvolvidos nas diferentes áreas do governo.
* Pílulas
* Pré-candidato a prefeito de Curitiba, Ney Leprevost deve ser o único a deixar o primeiro escalão do Governo Ratinho Junior para disputar as eleições municipais de outubro. * Mas, como o Alerta Paraná já adiantou, o governador vai aproveitar as próximas semanas para realizar ainda outras mudanças no secretariado. * E a região Oeste, como já antecipamos, deve se dar bem nessa mexida com a ida de Marcel Micheletto para o secretariado e a posse de Gugu Bueno na Assembleia Legislativa. * Por falar na Alep, os deputados Soldado Fruet e Hussein Bakri travaram uma espécie de tiroteio na sessão de ontem por conta dos recursos carreados pelo segundo para Foz do Iguaçu, que é reduto eleitoral do primeiro. * A discussão foi tão áspera que Bakri, que é líder do Governo na Casa, chegou a chamar Fruet, que tem feito oposição a Ratinho Junior, de"cara de pau"e"mentiroso". Coisas da política. * O sempre combativo Pedro Silvério está temporariamente fora da cena pública. * Atual diretor da Ciretran de Cascavel, ele teve de ser internado após contrair dengue.