Um momento novo
J. J. Duran
Dentre as várias mensagens que encontrei em uma visita feita há muitos anos a um convento da Ordem dos Cartuxos, na Espanha, lembro-me de uma que serve de base para esta coluna sabática:"Tudo na vida terrenal é somente um momento".
Seguimos vivendo politicamente de acordo com as metáforas antigas, apesar de o mundo ter mudado nas últimas décadas na mesma velocidade da tecnologia da comunicação, que impôs um ritmo ultra-acelerado nas relações humanas.
Essa mudança começou a acontecer nos anos de 1980, quando as relações sociais desapareceram da prática política por diferentes causas. No mundo todo, personalidades políticas, sociais e culturais deram passagem a figuras desprovidas de sabedoria e bom senso.
Assim, as novas gerações foram crescendo entre velhas brigas sociais e políticas e deixando de se inteirar das novas e desafiadoras problemáticas. Ao invés de soluções, se criou dificuldades ainda maiores num cenário de desigualdades produzidas pela falta de inteligência política e pela morte da ideologia do bem comum.
A chamada classe dominante aprendeu a observar e opinar sobre a pobreza, porém jamais encontrou o denominador comum que a combatesse na origem. Esqueceu que ela, a pobreza, é uma realidade emergente em todas as nações governadas de forma seletiva e divididas entre os populistas com seus planos de estímulo ao benefício sem contrapartida de esforço e os liberais sepultando esses mesmos benefícios.
A superação desse cenário está em não ver aquele que pensa diferente politicamente como inimigo, mas sim adversário circunstancial. Simplificar o diálogo é construir relações políticas verdadeiramente republicanas, ponto de partida para superar a realidade atual de muitas nações, dentre elas o Brasil.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras