Selo nacional valoriza o melado produzido no PR
Mais um produto tipicamente paranaense ganhou reconhecimento nacional. O Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) concedeu a indicação geográfica (IG) para o melado produzido na cidade de Capanema, na região Sudoeste. A partir de agora, o produto passa a ser comercializado com o selo Capanema, único no mercado.
Com a indicação de procedência, o melado passa a ser mais valorizado, possibilitando a expansão do comércio dentro do Brasil e até mesmo no exterior. De acordo com a prefeitura do município, Capanema conta atualmente com oito agroindústrias e 16 produtores de cana de açúcar, base do melado batido da região.
A produção de melado na cidade, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, é de 400 toneladas por ano. As cooperativas e nove indústrias de médio porte de Capanema garantem 200 empregos diretos. São pequenas e médias propriedades que apostaram na cana de açúcar, especialmente na produção do melado e do açúcar mascavo.
A conquista do certificado já mobiliza os produtores locais. Eles falam em ampliar a produção para conseguir levar o produto a novos mercados. "A expectativa é muito boa, pensamos em alcançar uma escala maior de vendas. É uma ótima oportunidade para trazer novas famílias para a produção da matéria-prima, gerando mais empregos", disse Itamar Schuck, presidente da Cooperfronteira (Cooperativa Agroindustrial Fronteira Iguaçu) que conta com 45 cooperados.
GEOGRAFIA
Outro produtor, Gilberto Hass revelou detalhes do processo que garantiram o selo de qualidade ao melado de Capanema. Segundo ele, o município conta com uma geografia favorável, que garante uma cana de açúcar diferenciada. Citou ainda o tipo de terreno para o cultivo, com muito pedregulho, e o clima quente da região. "Com isso nossa cana tem mais sacarose, ficando mais doce".
Ele também faz planos para aumentar a produção na empresa, que administra com a ajuda dos dois filhos. Espera mudar para a sede nova até julho, renovando maquinário e automatizando parte do processo produtivo.
Com isso, diz acreditar que pode saltar dos atuais 400 quilos de melado a cada dois dias prontos para a comercialização para 2.500 quilos. Hass intercala a produção de melado com a de açúcar mascavo.
No horizonte da família está a exportação da mercadoria. Hass contou que já iniciou conversas com dois países: Estados Unidos e Holanda. "Estamos correndo atrás de tecnologia, passo importante para conseguirmos aumentar a produção", afirmou.
Outro fator que influencia é a proximidade do Rio Iguaçu, que garante uma ótima qualidade no processo de irrigação. "Quem deu notoriedade ao produto foi a qualidade. Temos que nos preocupar em crescer, mas sempre mantendo essa característica", ressaltou Rafael Morgenstern, agrônomo de formação e que voltou para Capanema para ajudar a família, há 22 anos envolvida com a produção e venda de açúcar mascavo e melado.
IGS PARANAENSES
O Paraná conta atualmente com oito produtos com Indicação Geográfica reconhecida. Além do melado de Capanema, cujo processo contou com a colaboração integral do Sebrae-PR, também receberam destaque do Inpi a erva-mate de São Mateus do Sul, o café do Norte Pioneiro, a goiaba de Carlópolis, o queijo colonial de Witmarsun, as uvas finas de Marialva e o mel de Ortigueira.
E, ao que tudo indica, Capanema pode ganhar um novo selo de certificação nos próximos meses. O açúcar mascavo produzido na cidade está passando por detalhes para também ser reconhecido pelo Inpi. (Geraldo Bubniak/AENPR)