Bolsonaro demite secretário que plagiou ministro de Hitler
"Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência". Essa é parte do teor de nota emitida no início da tarde desta sexta-feira (17) pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República para comunicar a decisão de Jair Bolsonaro de demitir Roberto Alvin do cargo de secretário especial de Cultura de seu governo.
A medida foi tomada diante da repercussão altamente negativa de uma atitude tomada horas antes por Alvim, que durante a madrugada havia postado em seu Twitter um vídeo com conteúdo desastrado ao falar sobre o lançamento do Prêmio Nacional de Artes e sobre o que pretendia como ideal artístico para o País.
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", disse Alvim, copiando quase literalmente trecho de um conhecido discurso de Joseph Goebbels, espécie de ministro da propaganda do governo nazista de Adolph Hitler.
Na nota, o presidente Bolsonaro reiterou seu repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. "Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum", complementou o presidente.
"O discurso foi escrito a partir de várias ideias ligadas à arte nacionalista, que me foram trazidas por assessores. Se eu soubesse da origem da frase, jamais a teria dito. Tenho profundo repúdio a qualquer regime totalitário, e declaro minha absoluta repugnância ao regime nazista", disse Alvim em sua defesa.
O agora ex-secretário é o mesmo que protagonizou uma grande polêmica no fim de setembro passado, quando chamou Fernanda Montenegro de "sórdida" e "mentirosa" depois de a atriz aparecer em reportagem de capa da revista Quatro Cinco Um retratada como uma bruxa presa a uma estaca e prestes a ser queimada em uma fogueira com livros.
A atriz Regina Duarte foi convidada para assumir no lugar de Alvim e ficou de dar uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro neste sábado. (Foto: Secretaria de Cultura)