Segurança e qualidade dos alimentos agrícolas
Dilceu Sperafico
Dirigentes e pesquisadores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), instituições e empresas ligadas às áreas de sementes, biotecnologia e produtos fitossanitários, destacaram no início de dezembro último, que os alimentos produzidos no País são seguros e a população pode ficar tranquila e continuar consumindo os vegetais cultivados no território nacional.
Conforme especialistas, os resultados positivos para os produtos agrícolas brasileiros foram obtidos através de diversas análises, comprovando a sua qualidade e sanidade.
De acordo com os pesquisadores, o resultado do estudo mostra que o produtor rural brasileiro, em sua maioria, adota boas práticas e utiliza insumos e defensivos agrícolas de forma correta e responsável.
Segundo o levantamento, também foram constatadas exceções, mas todas isoladas, demonstrando a capacidade e profissionalismo do agricultor brasileiro, pois somente 0,89% das amostras apontaram algum risco potencial de contaminação dos alimentos.
Conforme os responsáveis pelo estudo, esses casos específicos de mau uso de insumos devem ser superados com educação e treinamento dos produtores rurais, para que passem a aplicar os defensivos da forma correta, visando tanto a sua como a segurança dos comerciantes e consumidores.
Outra inconformidade encontrada no levantamento técnico, foi a de que em 0,5% das amostras ficou comprovado o uso de produtos proibidos, que possivelmente entram no País de forma ilegal, com menor custo para o agricultor nacional, pois não incluem valores de tributação e controle de qualidade.
Mesmo assim, segundo os pesquisadores, alguns casos de inconformidades ou cerca de 23% dos produtos avaliados, esbarram, em sua maioria, em questões burocráticas e não sanitárias, pois se tratam de defensivos aprovados para aplicação em determinadas culturas, mas estão sendo utilizados na produção de outros vegetais.
Conforme dados oficiais, ao todo, foram analisadas 4,6 mil amostras de vegetais coletadas em redes de comércio varejista, entre agosto de 2017 e junho de 2018, o que garante amostra confiável de hortifrutigranjeiros consumidos em todo o País.
Para a realização dos estudos, foram coletados alimentos que representam mais de 30% do que é consumido pela população nacional, incluindo produtos como abacaxi, alface, arroz, alho, batata doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva, cultivados e comercializados em todo o território brasileiro.
A realização do estudo foi justificada, inclusive, com o fato dos consumidores revelarem temer eventual contaminação dos alimentos por produtos agroquímicos ou seus resíduos, mas o resultado do levantamento constatou que o eventual problema dos defensivos não está na fórmula dos produtos, mas sim na sua aplicação ou utilização incorreta.
Os defensivos agrícolas quando usados corretamente, de acordo com o estudo coordenado pela Anvisa, não deixam resíduos nos alimentos, o que demonstra que a solução para o problema e a maior segurança e/ou tranquilidade dos consumidores dependem apenas do uso correto e seguro dos agroquímicos.
Está aí, portanto, mais uma boa notícia para os produtores rurais, especialmente aqueles que não poupam esforços para dominar e aplicar corretamente a moderna e tecnologia, em respeito à sua atividade e à saúde dos consumidores.
Dilceu Sperafico é ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Paraná - dilceu.joao@uol.com.br