Cooperativas fazem a Ferroeste sair do prejuízo
Como consequência direta de pesados investimentos do setor cooperativista, a Ferroeste fechou 2019 com um lucro operacional de R$ 453 mil, faturamento bruto de R$ 30,5 milhões e mais de 1,1 milhão de toneladas de produtos transportados entre Cascavel e Guarapuava. Desde o início da operação da ferrovia, em 1996, foi a primeira vez que ela fechou um ano no azul.
Para entender esse desempenho é preciso voltar um pouco no tempo e lembrar que, entre 2012 e 2016, fruto de entendimentos feitos na gestão do ex-diretor Mauricio Theodoro (2011 a 1012), cooperativas lideradas por Coopavel, Copacol, Lar e C.Vale fizeram um investimento de R$ 200 milhões e tornaram o porto seco da Ferroeste, em Cascavel, o maior terminal de produtos frigorificados do Brasil.
Esse investimento, aliado a planejamento estratégico, redução de custos e uma série de outras medidas adotadas pela atual direção, fizeram com que a Ferroeste atingisse um faturamento médio mensal de quase R$ 3 milhões ao longo do ano passado, quando o faturamento total (R$ 30,5 milhões) superou em 49% o de 2018 (R$ 20,5 milhões) e em 75% o de 2017 (R$ 17,4 milhões).
Ainda de acordo com a demonstração de resultados, os custos operacionais caíram no acumulado do ano, o que permitiu a transformação de um faturamento recorde em lucro operacional e EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) com margem positiva.
PLANEJAMENTO
André Luiz Gonçalves, atual diretor-presidente da Ferroeste, explica que a empresa montou um planejamento estratégico com 21 ações a partir das necessidades dos clientes e que os resultados obtidos em 2019 já respondem a alguns deles. "Tínhamos três grandes metas e contamos com apoio integral do governador Carlos Massa Ratinho Junior para alcançá-las: transportar mais de um milhão de toneladas, passar de R$ 30 milhões de faturamento bruto e fechar o ano com EBITDA positivo", destacou. "Assumimos a missão de reestruturar a companhia e fizemos esse trabalho inicial voltado aos resultados financeiros".
Gonçalves também citou a reestruturação da equipe, renegociações com fornecedores, novos acordos judiciais, apoio das cooperativas e atendimento personalizado aos clientes como fatores que renderam os frutos alcançados em 2019.
Segundo ele, o balanço positivo do ano passado é importante para atrair investidores para a operação logística ferroviária do Estado, que será ampliada nos próximos anos. "Buscamos valores adequados para a empresa pela representatividade que ela tem para o Paraná, principalmente no escoamento das safras do Oeste, o que movimenta o Produto Interno Bruto. Transportamos mais de um milhão de toneladas, mas o Porto de Paranaguá recebe mais de 20 milhões. Temos que ampliar essa participação", complementou.
AMPLIAÇÃO
Em paralelo ao aumento da eficiência da Ferroeste, o Governo do Paraná discute alternativas para o crescimento da malha ferroviária do Estado, com foco na ligação entre a malha atual e o Mato Grosso do Sul. São discutidos modelos de concessão e parcerias público-privadas.
Em, 2019 foi contratado o EVTEA-J (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Ambiental e Jurídica) dos projetos do ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu e de uma nova ferrovia entre Paranaguá a Maracaju, no Mato Grosso do Sul. Uma vez que confirme todos os requisitos, a empresa terá 12 meses para a elaboração do estudo, que contemplará 1.370 quilômetros. (Foto: Jaelson Lucas/AENPR)