Diretoria da Aneel conspira contra Bolsonaro e o Brasil?
As redes sociais têm sido a principal ferramenta de marketing de Jair Bolsonaro. Inspirado no colega norte-americano Donald Trump, o presidente brasileiro - que há duas semanas revelou que dorme com uma pistola ao alcance das mãos tamanho o fantasma que o assombra desde antes do atentado de que foi vítima na campanha eleitoral - usa e abusa principalmente do Twitter para defender a si próprio e seu governo e desancar os adversários que o atacam, razão pela qual de vez em quando bota os pés pelas mãos e se expõe sem necessidade e com total ineficiência.
Mas muitas das manifestações de Bolsonaro são devidamente fundamentadas e, por isso mesmo, dignas da reflexão de todos quantos sonham em deixar um País melhor para as futuras gerações. É o caso da postagem feita nesta segunda-feira (6), quando o presidente se posicionou enfaticamente sobre a proposta de taxação da energia fotovoltaica, que há meses tem gerado acalorados debates no Congresso Nacional e fora dele e representado uma real ameaça ao agronegócio.
"Que fique bem claro que quem decide esta questão é a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], uma agência autônoma na qual seus integrantes têm mandato. Não tenho qualquer ingerência sobre eles. A decisão é deles. Nós do governo não discutiremos mais esse assunto, e ponto final", escreveu Bolsonaro, insinuando uma suposta conspiração da diretoria dessa agência contra seu governo e, por extensão, contra o Brasil.
QUEM SÃO
O post serviu de pauta para a imprensa do País inteiro, que acabou descobrindo algo inadmissível para um País que se diz democrático: o fato de o atual presidente só poder nomear diretores para a Aneel no último ano de seu mandato, tendo que se contentar até lá com condutas suspeitas de nomes indicados por partidos de oposição ao seu governo.
Elisa Bastos Silva, integrante mais recente da diretoria da Aneel, foi nomeada pelo então presidente Michel Temer por indicação do à época ministro das Minas e Energia, Moreira Franco. Aliás, os atuais diretores são majoritariamente do MDB. Além de Elisa, outros três são apadrinhados por esse partido: Sandoval de Araújo Feitosa Neto e André Pepitone da Nóbrega, este último o diretor-geral da agência, foram indicados pelo senador Edison Lobão e pelo ex-presidente José Sarney, e Efrain Pereira da Cruz tem como padrinho o ex-senador Valdir Raupp. A exceção é Rodrigo Limp, indicado por José Carlos Aleluia, do DEM, outro partido integrante do chamado Centrão.