Política e religião
J. J. Duran
O tema evangélico-religioso ocupou importância relevante no discurso político de diferentes atores do poder governante nos últimos tempos, especialmente nos países do chamado Cone Sul.
Parece que a sociedade indo americana de maneira geral - e em especial as classes menos contempladas pelas ações de justiça social declamadas pelos governantes populistas ou de direita fundamentalista - se voltou em boa hora na busca de uma vida pautada na democracia teocrática.
Nessa conceituação, devemos destacar o papel dos ministros de Deus e dos proclamadores da palavra contida no livro dos livros, a Bíblia Sagrada, que com sua oratória apostólica procuram resgatar as ovelhas perdidas.
Porém, recente mensagem transmitida pela TV por um conhecido apóstolo me levou a meditar sobre o assunto."O reino de Deus está chegando para governar?, declarou o mensageiro na contramão de uma citação teológica extraída da própria Bíblia e que diz:"Meu reino não é deste mundo".
A centralidade das citações evangélicas, que se faz em boa hora, direciona o discurso político-evangelizante com abrangência de totalidade.
Independente da origem, toda palavra que procure recriar na sociedade o sentimento de paz e fraternidade pregado pelo Bom Judeu é bem-vinda, sobretudo em um momento em que a violência descontrolada está a comprovar que, sem lideranças inspiradoras e sem convocatórias expressas, o simples homem da rua segue procurando respostas aos direitos proclamados por Jesus Cristo no Sermão da Montanha.
Os problemas que afligem dezenas de milhões de indo americanos não são de credo ou intolerância religiosa, mas sim sociais e econômicos brotados dos tempos do populismo.
Nessa breve retrospectiva sobre o tema, não podemos nos esquecer da mensagem clara contida em um dos mandamentos, notadamente o que diz que"não tomarás o nome do teu Deus em vão".
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras