Briga na Câmara expõe "telhado de vidro" de deputados do Oeste
Uma briga entre os deputados Alfredo Kaefer (PP de Cascavel) e Fernando Giacobo (PR de Foz do Iguaçu) rebaixou a plano secundário nesta semana, na Câmara Federal, temas de interesse do Brasil inteiro, como a greve dos caminhoneiros - encerrada na noite passada - e a reforma tributária, que o presidente Rodrigo Maia só prometeu fazer andar diante da crise insustentável que levou brasileiros de vários Estados a se postarem de joelhos diante de unidades do Exército para pedir uma intervenção militar no País.
Esses assuntos perderam espaço depois que Giacobo partiu para cima de Kaefer e por pouco não o agrediu fisicamente, conforme relatou a reportagem do Globo, o primeiro dos inúmeros grandes jornais a relatar a seus leitores a briga entre os dois representantes do Oeste paranaense na Câmara. Eis a matéria, na íntegra:
"Um desentendimento entre o primeiro-secretário da Câmara, o deputado Fernando Giacobo (PR-PR), e o também deputado Alfredo Kaefer (PP-PR), quase acaba em pancadaria nessa terça-feira (29). A equipe do jornal O Globo presenciou o momento em que Giacobo correu enfurecido em direção ao colega.
"Vai tomar no c? Eu vou te pegar, vagabundo! Vou mostrar suas notas frias!", ameaça.
Giacobo desaprovou o fato do jornal "O Paraná", que pertence à mulher de Kaefer, ter repercutido uma denúncia publicada pelo "O Estado de S. Paulo" em que ele é citado.
A matéria denuncia a venda de uma propriedade do deputado Nelson Meurer (PP-PR) por valor abaixo do preço de mercado, que levantou suspeita da Procuradoria Geral da República (PGR) de tratar-se de uma tentativa de driblar um bloqueio de bens imposto pela Justiça.
Giacobo foi citado no texto porque a empresa que comprou o imóvel fica no mesmo endereço de outra empresa do deputado, que é onde funciona o escritório do PR.
Ao site Extra, Giacobo afirmou que Kaefer é "mesmo um vagabundo" e que seu jornal é "um pasquim". Ele disse ainda que só perdeu a compostura porque estava sendo pressionado a arquivar uma investigação da primeira-secretaria sobre a prestação de contas de gastos da cota parlamentar pelo colega.
Kaefer nega qualquer irregularidade. "Vou falar com o presidente Rodrigo Maia, para ele já saber que estou sendo ameaçado aqui na Câmara. Não tem nenhum cabimento essa história de investigação. Ele está inventando essa história. E, se quiser investigar, tudo bem. Tenho o passado limpo. Já o dele, é outra coisa", diz.
Fernando Giacobo ficou conhecido em 1997 após ganhar 12 vezes na loteria em apenas 14 dias".
FOLHA CORRIDA
Conforme o Alerta Paraná relatou em primeira mão na edição de 12 de maio, Alfredo Kaefer, com oito inquéritos e uma ação penal, era quarto colocado entre os 513 deputados federais brasileiros com maior número de processos no Supremo até 30 de abril passado, data em que a Corte mudou a regra do foro privilegiado e a partir da qual passou a remeter esses casos para a primeira instância.
Kaefer responde a dois inquéritos por crimes contra o patrimônio, um por crimes contra a ordem tributária, um por crimes falimentares, um por estelionato, um por corrupção, um por formação de quadrilha ou bando, apropriação indébita da Previdência e estelionato e um por lavagem de dinheiro, além de uma ação penal por crimes contra o sistema financeiro nacional e formação de quadrilha ou bando.
O "sortudo" Fernando Giacobo hoje é ficha limpa, mas no passado teve seu nome incluído em vários processos que mofaram no Supremo a ponto de prescrever antes de serem julgados. No mais antigo deles, que chegou à Corte em 2003 - antes, portanto, de ingressar na política -, ele era acusado de falsidade ideológica e crimes contra a ordem tributária.