A infância na era do dedo
J. J. Duran
A infância é o resultado de um complexo processo sociopolítico e cultural que marca a evolução da sociedade. Muitos de nós, adultos, lembramos dessa etapa de nossa curta existência terrenal como a melhor de nossas vidas.
Mas, desgraçadamente, outros não têm as mesmas lembranças felizes pelas dificuldades que tiveram de enfrentar.
Os deserdados da justiça dos homens tiveram que conviver desde o nascimento com o abandono materno e sobreviver em um cenário de hipócrita fraternidade, fruto da estupidez humana num mundo de fictícias superioridades sociais e raciais.
Na infância a fantasia prevalece em todos, mesmo naqueles que vivem uma realidade cruel e cujos efeitos são sentidos só mais tarde.
Nós que, pela graça de Deus, temos o dom de conviver com nossos filhos e netos, celebramos em cada choro, sorriso ou carícia deles a felicidade do reencontro do nosso passado.
Porém, como atentos viajantes de uma vida que vai chegando ao fim, vemos que são em número cada dia menor as crianças que brincam nos verdes tapetes de grama dos parques, pois a modernidade criou um ritual que cega as vidas inocentes, muitas delas com o desenvolvimento seriamente comprometido pelos jogos eletrônicos.
Essa infância que goza e não conhece o tédio é fruto da era do dedo, que, na sua assombrosa utilidade, muitas vezes substitui a mão maternal.
Feliz infância a todas as crianças do mundo.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras