O otimismo e a qualidade e tempo de vida das pessoas
Dilceu Sperafico
As pessoas positivas e bem relacionadas não têm apenas uma existência melhor, pois também vivem mais. A informação é resultado de estudos de pesquisadores das Universidades de Boston e Harvard, ambas dos Estados Unidos, após avaliações de fatores psicossociais que promovem o envelhecimento mais saudável entre seres humanos.
O trabalho demandou décadas de pesquisas, comprovando de diversas formas a relação do otimismo pessoal com vida mais longa, além de consultar professores de faculdades de Medicina e Saúde Pública de ambas as universidades.
O estudo, segundo seus autores, mostrou que dose maior e mais frequente de otimismo é fundamental para que indivíduos alcancem longevidade maior e com melhor qualidade de vida, muitas vezes superando os 85 anos de idade.
De acordo com os pesquisadores, enquanto a ciência tradicional busca fatores de risco para desencadeamento de doenças, muitas responsáveis por mortes prematuras, pouco havia sido pesquisado sobre questões psicossociais decisivas para o envelhecimento saudável.
O trabalho começou com a definição do que realmente é o otimismo, constatando que é sentimento persistente de que coisas boas irão acontecer, de maneira natural.
Na prática, acreditar em futuro favorável leva as pessoas a procurarem controlar variáveis relevantes para que as previsões otimistas se confirmem, muitas vezes com a colaboração de seus beneficiários.
O levantamento reuniu dados de quase 70 mil mulheres e pouco mais de 1,4 mil homens, com os dois grupos respondendo a questionários elaborados para medir seu nível efetivo de otimismo, o mesmo correndo com a saúde de modo geral e hábitos pessoais, como qualidade da alimentação e vícios menos saudáveis, como fumar e beber bebidas alcoólicas.
O comportamento das mulheres foi acompanhado ao longo de 10 anos e dos homens por três décadas, incluindo voluntários de diversas etnias, escolaridades e classes sociais.
Ao longo de todo esse tempo, após os pesquisadores confirmarem as pessoas com maiores índices de otimismo, logo constatavam que as mais alegres e positivas, independentemente do sexo, tiveram de 11% a 15% a mais de tempo de vida, além de apresentarem de 50% a 70% a mais de chances de chegar aos 85 anos, quando comparadas às menos otimistas.
Esses resultados não se alteraram mesmo levando-se em conta características individuais, como doenças crônicas, escolaridade, atendimento médico primário e hábitos saudáveis, o que é considerado muito importante do ponto de vista da saúde pública.
Em outras palavras, os estudos comprovaram que o otimismo é ativo psicossocial com potencial para estender a expectativa de vida e há técnicas e terapias que podem tornar as pessoas mais positivas e felizes, ou menos pessimistas.
De acordo com estudiosos, o otimismo pode estar relacionado à capacidade das pessoas de regular e controlar emoções e comportamentos, assim como lidar com fatores de estresse e enfrentar dificuldades com mais confiança.
Os pesquisadores também consideram que os indivíduos dotados de astral mais otimista tendem a cultivar hábitos saudáveis e desta forma se habituarem à existência mais alegre e produtiva, realimentando a confiança numa vida melhor.
Por isso, o estudo pode ser considerado como contribuição importante para a promoção da resiliência ao longo do processo de envelhecimento das pessoas. (Foto: Marcelo Camargo/AGBR)
Dilceu Sperafico é ex-deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Paraná - dilceu.joao@uol.com.br