Continente em retrocesso
J. J. Duran
A Indo América está passando por disputas produzidas por dois projetos políticos claramente oponentes entre si. O projeto de distribuição de benefícios sociais - muitos de duvidosa intenção e que produziram o esgotamento das finanças públicas - deu passagem ao projeto reformista ordenador das políticas pública de Estado.
O discurso do momento reformista é condicionar atitudes, leis e reformas para diferenciar intenções e justificar a criminalização das políticas chamadas progressistas aplicadas pelos governos populistas.
Salvo na Venezuela, as Forças Armadas do Continente estão dando forte e democrática contribuição às políticas reformistas e reordenadoras em expressa mostra de que seu acionar está limitado simplesmente a contribuir e não a se apoderar do poder. E a isso devem ser agregados os interesses do capitalismo liberal e, por último, uma estranha mistura de políticas do conservadorismo religioso.
Mas é imperativo observar que os violentos protestos de rua realizados em países periféricos ao Brasil estão mostrando um retrocesso perigoso nas relações entre governantes e governados. Sem lideranças manifestas, sem convocatórias organizadas e mantidos monetariamente pelos interesses escusos que transitam à sombra do poder, esses atos superam em muito os registrados nos já distantes anos de 1960.
O combate à corrupção como justificativa e a visível politização do Poder Judiciário põem em dúvida as verdadeiras intenções disso tudo, ainda mais quando levada em conta a perseguição às operações jurídico-policiais como a Lava Jato.
A impressão dominante entre os não domesticados pelo poder de turno é de que isso tudo se resume a uma ação repressiva para castigar aos que não têm pensamento liberal.
Diante disso, vale lembrar que tentar castigar o pensamento democrático dissidente por quem ocupa transitoriamente o poder delegado pelo povo é um bárbaro retrocesso à liberdade e à democracia duramente conquistadas.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras