Edina Alves, uma mulher bela, corajosa e vencedora
Num tempo em que muito se debate a discriminação das mulheres, sobretudo no mercado de trabalho - onde, diga-se de passagem, elas já representam mais de 40% da população econômica ativa do País, mas ainda estão distantes dos homens quando o assunto é equiparação salarial -, uma ex-moradora da cidade paranaense de Goioerê, a 125 quilômetros de Cascavel, é um alento para que o erroneamente chamado de "sexo frágil" não arrefeça a luta pela conquista de sua independência.
Dona de uma beleza brasileiríssima que faz muitas pessoas duvidarem que já tem 39 anos, Edina Alves Batista tem aparecido na televisão tanto quanto artistas famosas de televisão e colecionado uma legião de fãs pela forma corajosa com que exerce a profissão escolhida e na qual tem se notabilizado nos gramados do Brasil e do exterior.
Em maio deste ano, no confronto CSA 1x0 Goiás, ela se tornou a primeira mulher a apitar um jogo da Série A do Campeonato Brasileiro após um interregno de longos 14 anos. "Na hora que saiu a escala, o coração foi a mil. Você relembra tudo que passou na sua vida, tudo que viveu pra chegar até ali e você pensa: vale a pena", revelou ela na ocasião.
Inteiramente satisfeita com o trabalho dela, a Comissão de Arbitragem da CBF a escalou na sequência para apitar Atlético-MG 2x2 Fortaleza e também a final do Campeonato Brasileiro da Série D entre Brusque e Manaus, que terminou empatado em 2 a 2 e foi vencida pelo time catarinense nos pênaltis, por 6 a 5.
Depois disso Edina foi convocada para atuar na Copa do Mundo Feminina, onde apitou a semifinal Inglaterra 1x2 EUA, e também no Mundial Sub-17 de futebol masculino, vencido pelo Brasil. Fruto de um trabalho irretocável, acabou eleita pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol a quarta melhor árbitra do mundo, feito não alcançado pelas outras mulheres que a antecederam no time titular da arbitragem brasileira.
DEDICAÇÃO EXEMPLAR
Mas Edina Alves chegou aonde chegou por mérito, não por sorte. Morando já há dois anos em Jundiaí (SP) por imposição da profissão, é muito focada no que faz e não se esquece de sua origem. "Não sou uma mulher coitadinha", repetiu ela em várias entrevistas, ressaltando que treina sete dias por semana e sempre que é convocada a fazer teste pela CBF executa os mesmos exercícios dos homens. "A gente também consegue, só tem que treinar mais. E eu treino".
Por conta de tanta dedicação à incomum profissão escolhida as visitas à mãe, que continua morando em Goioerê, passaram a ser bem mais espaçadas. "Assim que voltei do Mundial Ssub-17, em novembro, pedi ao meu treinador uns dias de folga. Queria descansar, visitar minha família. Sabe o que ele disse? 'Você quer folgar? Folga. Tem um monte de gente que está louco para entrar no seu lugar. A escolha é sua'. Levantei da cama e fui treinar", revela.
A ex-árbitra Silvia Regina, hoje funcionária da CBF, fala com orgulho de sua sucessora. "Eu sempre quis que outras mulheres ocupassem esse espaço também e sentissem essa sensação maravilhosa que é estar no campo de jogo apitando", conta.
Já o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, não poupa elogios a essa figura que orgulha as mulheres brasileiras em geral, e as paranaenses em particular. "Acho a Edina uma árbitra muito corajosa, com muita personalidade. Tem um condicionamento físico excepcional e, acima de tudo, é uma árbitra muito inteligente", avalia. (Foto: Divulgação CBF)