A boçalidade na política
J. J. Duran
A boçalidade está muito frequentemente na oratória dos líderes populistas de esquerda e de direita. Cheia de vazios conceituais e mensagens apartadas da realidade, ela é uma clara demonstração da irracionalidade e da mediocridade dos messiânicos do pensamento liberal-reformista e em nada contribui para combater o colonialismo predatório.
Estratégia que se tornou muito usual desde antes da mais recente virada de século, a boçalidade anestesiou o raciocínio de muitos, endureceu a voz dos que discordam do pensamento único e beligerante e virou uma cortina de fumaça para esconder a vergonha daqueles que cometeram o erro de eleger o discurso da mentira, que prometeu um futuro paradisíaco e destruiu muito de bom que se fez no passado, fazendo com que, aos poucos, o discurso dos palanques fosse dando lugar à triste realidade de miséria que vemos hoje nas ruas.
Mas a mediocridade, a mentira e a hipocrisia verborrágica dos que governam não é diferente daquelas que tentam ocultar os que transitoriamente se autodenominam opositores.
A sociedade foi aceitando pós-eleições o discurso propositivo do novo governante e, sem demora, acabou se dando conta de que tudo não passava de promessa falsa para ganhar o voto dos incautos.
Isso acabou silenciando muitas vozes propagadoras da reconquista da democracia e dando espaço e eco a outras vozes até então desconhecidas e que se converteram em instrumento para ocultar o retorno às velhas e primitivas épocas do silêncio fúnebre imposto pela tirania crepuscular.
O momento vivido por diferentes países exige profunda reflexão, pois quando uma voz assume a condição de dona da verdade muitas outras silenciam e isso acaba gestando no ventre da democracia a irracionalidade e a incitação à violência como temos visto em várias nações irmãs como Chile e Venezuela.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras