Conselho do MP dá puxão de orelhas em Dallagnol
Por maioria de votos (8 a 3), Conselho Nacional do Ministério Público decidiu nesta terça-feira (26) aplicar uma advertência ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol no processo relativo à entrevista à rádio CBN na qual ele criticou o STF, afirmando que três ministros do Supremo formam"uma panelinha"e passam para a sociedade uma mensagem de leniência com a corrupção.
A advertência é uma punição branda, mas ficará registrada na ficha funcional do procurador. Se ele for punido com advertência em outros casos que ainda tramitam, isso poderá levar a uma censura.
O episódio data de 15 de agosto de 2018, quando Dallagnol criticou uma decisão da Segunda Turma do STF que determinou o envio para a Justiça Federal e Eleitoral do DF trechos de delação premiada sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Guido Mantega que se encontravam sob a competência da Justiça Federal de Curitiba.
"Agora o que é triste ver (...) é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema e lembrar que a decisão foi 3 a 1, os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha assim que manda uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção", disse Dallagnol na ocasião, em referência aos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e ao hoje presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
"A alusão de que os ministros da panelinha mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção demonstra ausência de zelo pelo prestígio de suas funções, pois deixou de tratar com urbanidade Ministros da Suprema Corte, deixando de guardar decoro pessoal e praticando conduta incompatível com o exercício do cargo ocupado", justificou o relator do caso, conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, que chegou a defender logo uma censura, mas foi voto vencido. (Foto: Marcelo Camargo/AGBR)