Radicalização expõe País a grave risco, alerta Simon
O discurso radical que se estabeleceu no Brasil com a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República e se agravou com a saída de Luiz Inácio Lula da prisão foi o tema central de entrevista concedida pelo ex-senador gaúcho Pedro Simon ao portal Alerta Paraná e ao jornal Pitoco nesta segunda-feira (25), quando ele esteve em visita à Univel a convite do amigo Renato Silva.
"Pregar que os brasileiros têm que fazer aqui o que estão fazendo no Chile é uma loucura. É até um crime uma convocação nesse sentido", advertiu ele, considerado uma reserva moral da política brasileira e próximo de completar 90 anos de idade.
"O Lula saiu pregando essa linguagem radical. Fez questão de dizer que ele representa o anti-Bolsonaro, convocando a união de todo mundo de extrema esquerda. E o Bolsonaro, pelo que a gente vê, está gostando dessa radicalização", observou, assinalando que essa conduta "é vingativa e extremamente perigosa"ao País.
Mas para Simon, a superação desse momento difícil da política brasileira está nas mãos do Congresso e pode vir antes do que muitos imaginam. "Estive 32 anos no Senado e não me lembro de um dia tão importante como esse", disse o ex-senador, referindo-se a esta quarta-feira (27), quando deverá começar a ser debatida em plenário a volta da prisão a partir da condenação em segunda instância.
"O Brasil mudou com a Operação Lava Jato. O Brasil teve 70 anos de roubalheira, uma maior do que a outra, e ninguém foi para a cadeia. A Lava Jato mudou isso. [...] O Supremo absurdamente voltou atrás e acabou com a Lava Jato e hoje só vai para a cadeia quem for condenado em última instância, que dizer, ninguém", ressaltou.
Para Simon, se Câmara e Senado aceitaram a volta da prisão após condenação em segundo grau, o Brasil consolidará a mudança ocorrida com o advento da Lava Jato. "Agora, se o Congresso mantiver a decisão do Supremo, juro que não sei o que vai acontecer".
Por fim, ele classificou como negativa a recondução de Gleisi Hoffmann como presidente nacional do PT. "Foi uma pena a eleição dessa senhora, porque ela é da linha mais radical", afirmou Simon, para quem o PT estaria muito melhor sob o comando de Fernando Haddad, "que foi um belo deputado e teria se saído muito melhor na campanha presidencial se o partido tivesse feito a campanha dele e não a campanha do Lula Livre". (Foto: Divulgação Univel)