Evo Morales renuncia após 13 anos no poder
Ainda não há confirmação sobre a informação do jornal Clarin, de que Evo Morales teria fugido para a Argentina após renunciar à presidência da Bolívia, neste domingo. Sua queda ocorreu em consequência de uma violenta onda de protestos e de um pedido formal das Forças Armadas para que abandonasse o cargo.
Pouco antes, Morales havia anunciado que convocaria novas eleições depois de a OEA (Organização dos Estados Americanos) ter anunciado o resultado de uma auditoria apontando que o pleito de 20 de outubro, no qual se reelegeu no primeiro turno, havia sido fraudado.
Após Morales anunciar sua renúncia em rede nacional de televisão, também renunciaram seu vice Álvaro Garcia Linera, e o presidente da Câmara dos Deputados, Victor Borda, que teve sua casa incendiada por manifestantes. Ao menos três ministros também haviam renunciado horas antes.
A crise boliviana explodiu nas ruas desde a eleição do mês passado e se agravou sobremaneira na sexta-feira e ontem, quando policiais se amotinaram, o que levou o governo a emitir um comunicado no qual anunciava estar sendo vítima de um plano de golpe de Estado.
HISTÓRICO
Líder sindical dos cocaleiros - agricultores que cultivam a planta da Coca, cuja folha é utilizada em chás e matéria prima da cocaína, um dos entorpecentes mais consumidos no mundo -, Evo Morales destacou-se nos 13 anos de poder por resistir aos esforços do governo dos Estados Unidos para substituir o cultivo dessa planta por bananas originárias do Brasil.
De etnia uru-aimorá, virou primeiro presidente de origem indígena de seu país vencendo as eleições de dezembro de 2005 e tomando posse em 22 de janeiro de 2006. Durante os dez primeiros anos de sua longa permanência no comando da Bolívia, a pobreza extrema no país foi reduzida a menos da metade (36,7% para 16,8% entre 2005 e 2015), mas as denúncias de desvio de dinheiro público cresceram em grande escala. No Brasil, seu principal aliado foi Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou a cadeia na última sexta-feira após passar um ano e sete meses preso pelo mesmo motivo: corrupção. (Foto: Domingos Tadeu/PR)