Lula é libertado um ano e sete meses após ser preso
Por determinação do juiz da 12ª Vara Criminal de Curitiba, Danilo Pereira Júnior, com fundamento na decisão de ontem do STF (Supremo Tribunal Federal) de derrubar a prisão após condenação em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a prisão pontualmente às 17h42 desta sexta-feira (8), após passar um ano e sete meses trancado em uma sala de 15 metros quadrados na Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense.
Agora ele irá recorrer em liberdade e só poderá ser preso novamente após o trânsito em julgado do processo do triplex do Guarujá, em que foi condenado por Sérgio Mouro a nove anos e seis meses de prisão, mas posteriormente teve a pena aumentada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para 12 anos e um mês e, por fim, reduzida pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) para oito anos, 10 meses e 20 dias.
"Determino, em face das situações já verificadas no curso do processo, que as autoridades públicas e os advogados do réu ajustem os protocolos de segurança para o adequado cumprimento da ordem, evitando-se situações de tumulto e risco à segurança pública", escreveu o juiz em seu despacho. "Observa-se que a presente execução iniciou-se exclusivamente em virtude da confirmação da sentença condenatória em segundo grau, não existindo qualquer outro fundamento fático para o início do cumprimento das penas", acrescentou.
"A decisão da Suprema Corte confirma aquilo que nós sempre dissemos, que não havia a possibilidade de execução antecipada da pena", comemorou Cristiano Zanin, advogado de defesa de Lula, acrescentando esperar agora "a nulidade de todo o processo, com o reconhecimento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro".
RETORNO PARA SP
Ao sair da prisão Lula, que deixou a sede da PF em duas ocasiões ao longo do período em que permaneceu privado da liberdade - para ir ao interrogatório no caso do sítio de Atibaia, em novembro de 2018, e ao velório do neto Arthur Lula da Silva, em março deste ano - foi recebido festivamente por algumas centenas de militantes do PT e outros partidos de esquerda.
Assim que cruzou o portão, Lula subiu em um palco montado pela militância e fez duros ataques ao Governo Jair Bolsonaro e ao que definiu como "lado podre do Ministério Público, lado podre da Política Federal, lado podre da Receita Federal" para, segundo ele, criminalizá-lo junto com o PT, e citou nominalmente inúmeros nomes de petistas presentes, dentre eles a deputada paranaense Gleisi Hoffmann e Fernando Hadad, que, disparou, "hoje seria presidente se não tivesse sido roubado".
Também aproveitou para apresentar seu novo amor, a socióloga e funcionária da Itaipu Binacional Rosângela da Silva. "Consegui a proeza de, preso, arrumar uma namorada e ainda ela aceitar se casar comigo", disse o ex-presidente, referindo-se a ela como "futura companheira".
Neste sábado ele participará de um ato no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde se espera que faça um pronunciamento ainda mais contundente. (Foto: Reprodução)