Greve de caminhoneiros leva desespero a criador de suínos
Há vários dias Jorge Foellmer Rambo, um dos maiores criadores independentes de suínos do Paraná, tem reservado boa parte de seu tempo para fazer um apelo desesperador a autoridades que, acredita ele, possam exercer alguma influência pela suspensão da greve dos caminhoneiros, mantida mesmo depois do acordo com o governo que assegurou uma redução de R$ 0,46 no preço do litro de óleo diesel por 60 dias.
"Estamos vivendo um caos total. Entrego mil suínos por dia e o último abate aconteceu na segunda-feira retrasada", desabafou ele nesta terça-feira de manhã em entrevista ao Alerta Paraná. "A cadeia está totalmente comprometida. As granjas estão todas cheias e a gente não tem o que fazer. Logo os animais vão começar a morrer de fome", ressaltou o criador, que mora em Entre Rios do Oeste, mas possui produtores integrados em outros cinco municípios do Oeste paranaense: Santa Helena, Pato Bragado, Marechal Cândido Rondon, Nova Santa Rosa e Toledo.
"Para o suíno de alta genética não pode faltar leite em pó, açúcar, sal... Estamos tratando nossos planteis a conta-gotas e apenas com milho, que também não está chegando. O último caminhão de farinha de carne que comprei saiu na segunda-feira de Campo Grande e ainda não chegou, pois está parado em Caarapó, onde os caminhoneiros não deixam passar nada. O que a cidade não sabe é que a situação do campo é grave, gravíssima", relatou.
Rambo, que gera 200 empregos diretos e 100 indiretos e abastece três abatedouros, há vários dias não consegue entregar um animal sequer. "Os frigoríficos suspenderam os abates e também os pagamentos, porque não estão recebendo dos atacadistas. Como vou pagar os salários dos meus empregados na semana que vem?", questionou, ressaltando que "a população não tem a menor noção da gravidade de tudo que está acontecendo".