Ataque ao governo, prejuízo do Brasil
Renato Sant'Ana
Houve coincidências. No mesmo dia em que a Globo tropeçou na notícia e soltou uma "fake news"no Jornal Nacional (JN), blogs que se pretendem revolucionários faziam malabarismo retórico para dinamitar a reputação do presidente da República.
No JN de 29/10/19, William Bonner anunciou matéria dos jornalistas Paulo Renato Soares, Tyndaro Menezes e Leslie Leitão, malandramente, "ligando"o Presidente Jair Bolsonaro ao assassinato de Marielle Franco.
O JN relatou a visita de um dos suspeitos pelo homicídio (sic!) à casa de Bolsonaro, com detalhes: condomínio, comunicação por interfone, voz do presidente respondendo, etc., tudo informado por um porteiro.
Só depois de ligar o nome de Bolsonaro ao crime foi que se deu a informação de que ele sequer estava no Rio de Janeiro no dia do fato, ficando claro que nada daquilo fazia sentido.
Eis um "pega-ratão": apresenta-se, como se verdadeira fosse, uma história que se sabe falsa. Só depois, quando já é provável a fixação de uma crença obscura na cachola dos desavisados, é que vem a informação do fato que torna evidente tratar-se de falsidade.
Em menos de 24 horas, porém, o estrago foi desfeito. Carlos (um dos filhos de Bolsonaro) obteve registros do computador do condomínio, provando que nem sequer houve a ligação de interfone para a casa 58, do presidente, que, igualmente comprovado, estava em Brasília na data.
A promotora Simone Sibilio, do MPE-RJ, disse que o porteiro do condomínio mentiu para a Polícia: "O áudio que temos demonstra que o porteiro falou com a casa 66, a do policial Ronie Lessa, suspeito de ter disparado os tiros contra Marielle".
Mas, ao mesmo tempo que a equipe do JN operava, um blog, que, nos governos petistas, se locupletava com "patrocínios"de estatais, dava esta manchete, que outros replicaram: "Bolsonaro diz ter afinidade com príncipe saudita envolvido em assassinato de jornalista".
Na véspera, para fins de negócios entre Brasil e Arábia Saudita, Bolsonaro havia tido reunião com o príncipe herdeiro daquele país, Mohammed bin Salman. E, num arroubo de cordialidade, o presidente falou: "Tenho uma certa afinidade com o príncipe. Em especial depois do encontro em Osaka [Japão]". Bastou!
A guerra suja travestida de jornalismo ignorou a passagem do presidente brasileiro pela Arábia Saudita e os negócios celebrados. E, para atingir a imagem de Bolsonaro, explorou o fato de o tal príncipe ser suspeito de estar envolvido na morte do jornalista Jamal Khashoggi, dentro da embaixada de seu país na Turquia.
Ora, o fundo soberano da Arábia Saudita vai investir US$ 10 bilhões no Brasil, que é o sexto país a receber investimento desse fundo, ao lado de Estados Unidos, Japão, França, África do Sul e Rússia. E daí?
Um provável destino da dinheirama é a construção da ferrovia planejada para ligar o Mato Grosso ao Pará, com custo estimado em US$ 3 bilhões: recuperação de nossa moribunda malha ferroviária.
Mas a "tabelinha"da mídia formal com blogs revolucionários desprezou a notícia, dedicando-se apenas a forjar a imagem de um Bolsonaro com "afinidade com assassinos".
E a campanha continua. No Youtube, para manter em alta o ódio da militância, canais de esquerdistas insinuam que é falso o álibi de Bolsonaro (sua comprovada presença na Câmara Federal), "narrativa", aliás, desqualificada pelo deputado Marcelo Freixo, amigo de Marielle.
Mas há outra coincidência: tudo ocorreu enquanto repercutia reportagem de Veja (disponível na web desde 25/10/19) em que Marcos Valério aponta Lula como um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel.
Agora, sem dúvidas, há muito a ser criticado no governo de Jair Bolsonaro. O problema é que, na fumaça desta guerra ,que visa a extinguir o governo, as suas falhas acabam perdendo visibilidade. Jamais, em 130 anos de República, contra presidente algum, se viu coisa parecida.
A verdade inelutável é que, se o presidente da República não conseguir governar, o prejuízo vai ser do Brasil, não da família Bolsonaro.
Renato Sant'Ana é advogado e psicólogo - sentinela.rs@uol.com.br