2,5 mil militares integram o Governo Jair Bolsonaro
Em torno 2,5 mil representantes das Forças Armadas (da ativa e da reserva) estão integrando o Governo Jair Bolsonaro, que completa amanhã (15) nove meses e meio. Em comparação com o Governo Michel Temer, os militares abocanharam ao menos 325 postos a mais, conforme informações prestadas pelo próprio Palácio do Planalto em resposta a um pedido do jornal Folha de S. Paulo com base na Lei de Acesso à Informação e tornada pública em reportagem assinada por Camila Mattoso e Ranier Bragon.
A presença dos homens de farda se fortaleceu a partir da cúpula governamental, onde além do presidente (capitão), estão o vice Hamilton Mourão (general) e 8 dos 22 ministros. Vale ressaltar, ainda, que logo nos primeiros meses o presidente extinguiu 21 mil cargos, o que sugere um crescimento da presença militar ainda mais expressiva do que os 13% apontados pelos números acima.
Em pelo menos 30 órgãos houve ampliação do número de militares em relação à era Temer, e em apenas quatro houve redução. O crescimento foi mais expressivo em pastas próximas a Bolsonaro, como a Vice-Presidência (de 3 para 65), o Gabinete de Segurança Institucional (de 943 para 1.061) militares. Já no Ministério da Justiça, comandado pelo paranaense Sergio Moro, esse número saltou de 16 para 28.
"Ele sempre foi uma espécie de sindicalista parlamentar voltado para as Forças Armadas, sobretudo os escalões mais intermediários e baixos, além de policiais", comentou em tom crítico Raul Jungmann, que foi ministro da Defesa de Temer. Mas ressaltou: "Elas [Forças Armadas] hoje têm um programa de formação de quadros que eu reputo entre os melhores do mundo".
"O problema que vejo é que isso possa parecer um aval das instituições militares a políticas de governo, algumas das quais eu sei que eles não estão de acordo, como a política externa", pontuou Aldo Rabello, que foi coordenador político de Luiz Inácio Lula da Silva e ministro da Defesa de Dilma Rousseff. (Foto: Fernando Frazão/AGBR)