Bandidos invadem escolas e aterrorizam professores
Afinado com o linguajar muitas vezes exagerado do jornalismo policial predominante na imprensa nacional - que, infelizmente, não se atém ao fato de estar sendo uma espécie de escola para aprendizes da bandidagem -, o título dessa matéria tem o propósito de chamar atenção para o que há muitos anos é o mais grave problema da educação brasileira, mas que só agora parece estar despertando preocupação nas autoridades.
Projeto conjunto dos deputados estaduais Soldado Fruet, Professor Lemos e Delegado Fernando Martins aprovado por unanimidade na sessão de ontem da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e próximo de ser submetido à apreciação do plenário da Assembleia Legislativa, estabelece uma série de medidas para reduzir os índices de violência contra os profissionais de educação do Paraná, que há muito viraram reféns de bandidos mirins e adolescentes desprovidos de berço familiar adequado.
Pela proposta, passará a ser considerada violência contra os profissionais da educação toda ação ou omissão que cause danos psicológico, psiquiátrico, estético ou patrimonial, bem como lesão corporal ou morte. E quando isso ocorrer, o agressor deverá ser afastado do convívio com a vítima e entregue aos cuidados do Conselho Tutelar (quando adolescente) ou à polícia (quando adulto). O projeto também prevê a criação de um protocolo online para o registro imediato de todas as agressões e ameaças e a responsabilização, civil e criminal, dos estudantes maiores de idade e pais ou responsáveis por alunos menores de 18 anos.
Os autores citam na justificativa do projeto uma pesquisa feita cinco anos atrás pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revelando que o Brasil está no topo do ranking da violência contra profissionais da educação. Segundo esse levantamento, o índice de professores brasileiros que já sofreram alguma agressão ou intimidação de alunos, pelo menos uma vez na semana, atinge absurdos 12,5%, maior índice apurado entre todos os países pesquisados.
Depois do Brasil, os maiores índices de violência contra profissionais da educação foram identificados na Estônia (11%) e na Austrália (9,7%). Já Coréia do Sul, Malásia e Romênia apresentaram índice zero, mas nesses países os professores são tratados como se fossem divindades, bem ao contrário daqui, onde já completou inúmeros aniversários a negligência não só do Estado (poder público), mas também dos sindicatos representativos da categoria, muito mais preocupados com em defender ganhos salariais àqueles que bancam os salários de seus dirigentes do que com o bem-estar dos mesmos. (Foto: Getty Images)