Governo cede mais um pouco, mas fim da greve ainda é uma incógnita
Diante da insistência dos caminhoneiros, que neste domingo completaram o sétimo dia de protestos pelo País, o governo federal cedeu mais um pouco e decidiu conceder por 60 dias uma redução de R$ 0,46 no preço do litro de óleo diesel. Essa redução equivale a zerar as alíquotas da Cide e do PIS/Cofins.
A proposta foi anunciada agora à noite pelo presidente Michel Temer em um pronunciamento feito em rede nacional e ao final de um dia inteiro de intensas negociações no Palácio do Planalto, mas não é uma garantia de que a paralisação será suspensa nesta segunda-feira. Essa dúvida foi fortalecida com panelaços e apagões feitos durante a manifestação do presidente.
O governo federal concordou ainda em eliminar a cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões, além de estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário, medidas que deverão constar de medidas provisórias a serem publicadas amanhã no Diário Oficial da União.
"Os efeitos dessa paralisação na vida de cada cidadão me dispensam de citar a importância da missão nobre de cada trabalhador no setor de cargas. Durante toda esta semana, o governo sempre esteve aberto ao diálogo e assinamos acordo logo no início. Confirmo a validade de tudo que foi acertado", afirmou o presidente.
"Assumimos sacrifícios sem prejudicar a Petrobras", prosseguiu ele, destacando que o congelamento valerá por 60 dias e, depois disso, só haverá reajustes mensais. "Cada caminhoneiro poderá planejar seus custos. Atendemos todas as reivindicações", ressaltou.
NEGOCIAÇÃO
A equipe econômica foi chamada ao Palácio do Planalto para calcular o impacto das novas vantagens concedidas ao setor. Durante todo o dia, custos, cortes e compensações foram avaliados e negociados com representantes dos caminhoneiros. Além de restrições orçamentárias, empecilhos legais tiveram de ser examinados.
Na primeira rodada de negociações com os caminhoneiros, quando se acordou que a Petrobras baixaria em 10% o preço do diesel nas refinarias durante 30 dias, e os caminhoneiros fariam uma trégua de 15 dias na paralisação, o Ministério da Fazenda estimou em R$ 5 bilhões o valor das compensações do Tesouro Nacional à estatal. Agora, com a validade do congelamento do preço nos postos - e não na refinaria - pelo dobro do tempo, as despesas deverão chegar a R$ 10 bilhões. (Foto: AGBR)