PR reconhece a contribuição alemã ao seu desenvolvimento
A chegada dos primeiros imigrantes germânicos a terras paranaenses foi marcada por uma sessão solene com música e dança no plenário da Assembleia Legislativa, na noite desta quarta-feira (2). O evento 190 Anos da Imigração Alemã no Paraná, proposto pelo deputado Elio Rusch, que é descendente de alemães, contou com a presença de descendentes dos que se estabeleceram inicialmente no município de Rio Negro, no Sul, e posteriormente ocuparam todas as regiões do Estado.
De acordo com o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano, a comunidade alemã é uma das mais importantes no desenvolvimento sociocultural e econômico do Paraná, o que justifica plenamente a homenagem. "Os germânicos sempre estiveram presentes em atividades que enaltecem nosso estado, tanto no agronegócio quanto em outras que enaltecem o Paraná. É de muito valor prestar esta homenagem aos 190 anos da colonização alemã", declarou.
"O Paraná acolheu os primeiros imigrantes onde hoje é o município de Rio Negro e eles, desde então, têm contribuído muito para o desenvolvimento de nosso estado", relembrou Elio Rusch, ressaltando que o acolhimento cortês oferecido pelos paranaenses promoveu a integração existente até os dias de hoje. "O Legislativo não poderia ficar de fora deste momento. No Brasil, são 195 anos da presença alemã e 190 anos dos imigrantes no Paraná", afirmou.
Com o ambiente todo decorado com as cores da bandeira alemã e dos brasões das regiões do país europeu, as danças promovidas pelo grupo folclórico tradicional Original Einigkeit Tanzgruppe, e as apresentações musicais do Coral Harmonia e do Quarteto de Saxofone da Banda da Policia Militar do Paraná, o cônsul honorário da Alemanha e presidente da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, Andreas Hoffrichter, cumprimentou os presentes em nome do embaixador Georg Witschel.
Ele relatou as circunstâncias que motivaram a vinda de germânicos ao Brasil, como o êxodo rural, devido ao processo de industrialização que dificultou a atividade agropecuária no país europeu, principalmente a de pequena extensão. "O Paraná é um mercado com enorme potencial econômico que continua a atrair o interesse das empresas e investidores alemães. O Consulado Alemão e a Câmara de Comércio trabalham para a consolidação de futuros negócios e investimentos no estado", explicou o cônsul, citando ainda as escolas alemãs presentes em cidades paranaenses que difundem a língua e a cultura alemã, como o Goethe-Institut Curitiba.
As intenções de preservar as boas relações do Paraná com a Alemanha foram demonstradas no pronunciamento do vice-governador Darci Piana. Ele agradeceu, em nome de todos os paranaenses, pelo esforço empregado pelos imigrantes alemães que se estabeleceram a princípio em Rio Negro, mas se espalharam em cooperativas por cidades com grandes populações de descendentes, como Curitiba, Rolândia, Marechal Cândido Rondon, Guarapuava e Palmeira. "Em nome de nosso governador Carlos Massa Ratinho Junior, por tudo que fizeram por nosso país e, principalmente, por nosso estado", enfatizou.
HISTÓRIA
Os primeiros imigrantes germânicos chegaram ao Paraná em 19 de fevereiro de 1829 e se estabeleceram às margens do Rio Iguaçu, na atual cidade de Rio Negro, oriundos do Trier, divisa com Luxembrugo. A vinda se deveu ao empenho e esforço do Barão de Antonina, que quis reproduzir no estado o modelo e plano adotados no Rio Grande do Sul para assentamento de alemães. Nas décadas seguintes milhares de famílias de fala alemã chegaram ao estado, procedentes de vários pontos da Europa, bem como outros, já como descendentes das primeiras levas, migrantes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Em Curitiba, os primeiros alemães se firmaram a partir de 1933, provenientes de regiões como a Morávia, onde hoje é a República Tcheca. Na Lapa, chegaram os alemães do Volga, região russa. Na Colônia Witmarsum, em Palmeira, estabeleceram-se os menonitas. No Norte do Paraná, em Rolândia, se encontram também núcleos da colonização alemã. Para o Centro-Sul do Paraná, na Colônia Entre Rios, vieram os Suábios do Danúbio, provenientes da fronteira da extinta Iugoslávia com a Turquia.
Com escassez de terras disponíveis nas colônias antigas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, milhares de famílias de descendentes dos alemães migraram para o Oeste do Paraná. São os filhos de terceira, quarta e quinta gerações dos alemães que aportaram nas décadas de 1820 a 1880, procedentes dos territórios alemães. No Oeste também estão, em grande número, descendentes dos alemães de Volynia, hoje no território da Ucrânia. (Foto: Orlando Kissner/Alep)