Outono em Brasília
J. J. Duran
Já se passaram mais de 30 anos que grupos políticos com descoloridas biografias ideológicas - o liberalismo supino, o personalismo tupiniquim, o socialismo híbrido populista e o reformismo amoral e sem credibilidade dentro da sociedade vítima do repúdio que causam ao povo suas principais figuras representativas - fizeram as instituições da República apodrecerem como velhas peças literárias.
Mais de 30 anos de controle político e administrativo de tantos diferentes matizes criaram o cenário propício para fazer do voto e da esperança do eleitor oportunidades únicas para alcançar, por via democrática, o necessário respaldo jurídico que blinda o Parlamento, para que este estivesse a salvo da ação dos homens de toga.
Alguns eleitores gratos pelas vantagens recebidas em campanha e muitos de boa vê, que acreditaram na mansa figura do novo Midas, consagraram com seus votos figuras altamente questionáveis por sua trajetória pública e privada.
No pleito de outubro vindouro esses eleitores, arrependidos ou enganados, terão a oportunidade de fazer a reforma de um Parlamento ocupado hoje por uma maioria de membros questionáveis e que tão elevado serviço prestaram à deterioração moral e material do povo.
Não votemos naqueles nefastos homens travestidos de políticos que se beneficiaram dos privilégios ofertados pelo sodalício parlamentar em benefício de seus propósitos espúrios.
Não votemos naqueles políticos associados aos mais abjetos representantes do capitalismo, donos fraudulentos de monopólios opressores e corruptores do cenário político.
Não votemos nos cúmplices, que ajudaram a matar tantas vidas inocentes pela falta de uma assistência médica obrigatória do Estado.
É na hora de votar que o eleitor se torna coresponsável pelo futuro não só da República, mas de sua própria família.
Há que aglutinar no voto todas as intenções disponíveis para fazer dele ferramenta útil para a construção de um novo cenário econômico, político, social e moral.
Respeitemos divergências e autonomias partidárias, porém busquemos fazer do voto o denominador comum para o bem da Nação como um todo.
Com ele (o voto) podemos nos libertar dos maus políticos que estão no poder e nele pretendem permanecer.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras