A democracia das ruas
J. J. Duran
A deteriorização do sistema democrático indo-americano é evidente. Autoritarismo messiânico e líderes populistas vão ocupando espaço cada dia maior nos gabinetes da burocracia pública e no coração do povo.
Essa deteriorização, não do sistema e sim dos seus ocasionais representantes no poder, se estende também aos partidos políticos que são berços dos governos. E em meio a isso o personalismo das cúpulas partidárias vai consolidando figuras sem o necessário preparo político e cultural.
No Brasil, após mais de uma década de governo lulista-populista, é flagrante a perda da credibilidade indispensável ao bom convívio entre governantes e governados. E quando isso acontece, vem o ceticismo do eleitor.
A incineração de biografias representativas desse populismo marcado pela adoração às suas figuras ícones e pelas benesses disputadas pelas classes mnenos endinheiradas e menos cultas deixou órfãos a todos que seguiram cegamente seus líderes.
Tal qual na vizinha Argentina, também aqui a empáfia populista direcionou as massas para o caminho das ruas e isso multiplicou o fervor daqueles que se sentiram lesados pelos delitos cometidos por seus representantes.
As bandeiras desses deserdados se diferenciam menos pelas cores e mais pelos slogans, que expressam todal o repúdio às velhas práticas e a esperança de encontrar um caminho seguro.
Para termos uma visão correta da conduta detestável de todas as figuras políticas e do capitalismo selvagem, precisamos partir do entendimento de que todos eles venderam suas almas como o delador Judas, que levou à crucificação de Cristo.
A Operação Lava Jato, apesar de encoberta por algumas sombras produzidas por formas duvidosas de se fazer justiça, foi uma espécie de ventre para a gestação de um novo sentimento, no qual a democracia das ruas deu certo sem a necessidade de práticas violentas de outrora.
Tomara, no futuro, a indo-América siga demonstrando seu repúdio ao poder da corrupção sem enfrentamentos fratricidas e com a liberdade que ofertam as ruas, um patrimônio de todos.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras