Quebrando paradigmas: surda discursa na Alep
A luta pela inclusão dos surdos na sociedade e no mercado de trabalho foi destacada durante a sessão plenária da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) na sessão de ontem. Celma Gomes, que faz parte da equipe de tradutores nas transmissões das sessões do parlamento pela TV Assembleia, externou com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) os anseios da comunidade e as dificuldades que ela enfrenta cotidianamente, às vésperas do Dia Nacional dos Surdos, celebrado hoje (26).
"Nós surdos não somos doentes, não temos uma patologia. Somos normais e precisamos que nosso direito linguístico e nossa comunicação sejam mais bem compreendidos", afirmou Celma, que teve sua apresentação verbalizada pela intérprete de Libras Lígia Klein. A ida das duas ao plenário foi proposta pelo presidente Ademar Traiano. Ele relatou que as transmissões das sessões plenárias em Libras são um passo importante que o Poder Legislativo dá pela inclusão.
"A tradução em Libras, implantada pela Mesa Executiva, oportuniza a participação de surdos e mudos nas discussões e ações do poder público. Demonstra também o respeito do Legislativo", afirmou Traiano. "Esta é a primeira vez da história do Poder Legislativo que uma pessoa surda se manifesta da tribuna da Casa. Este é um gesto, é um reconhecimento aos surdos paranaenses, que merecem seu espaço. São inúmeras as dificuldades para estarem inseridos, apesar de nossa Constituição afirmar que todos são iguais perante a lei", completou.
DIA NACIONAL
26 de setembro foi escolhido como Dia Nacional dos Surdos por coincidir com a instituição da Escola de Surdos do Brasil, em 1857, por Dom Pedro II. O dia 30 de setembro é o Dia Mundial dos Tradutores e Intérpretes de Línguas e no dia 24 de setembro se celebra o Dia Nacional de Libras.
Em sua exposição na tribuna do Plenário, Celma Gomes explicou que a cor azul, usada no mês dos surdos, faz alusão à segregação dos deficientes físicos na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. "Hitler fazia a opressão de todos os deficientes e os obrigava a usar uma fita azul no braço o que os estigmatizava como inferiores. Houve grande sofrimento para a comunidade surda", relatou.
Hoje a fita azul, usada no peito, significa a luta pela inclusão, pelo respeito e o direito à comunicação pela língua de sinais. Ela cobrou políticas públicas para escolas e hospitais. "Falta acessibilidade aos alunos para o acompanhamento dos conteúdos. Os pacientes surdos correm sérios riscos por conta da medicação errada por falta de comunicação. Este é um direito de cidadania", afirmou."Ainda temos muito que lutar, muito para conquistar, muito a fazer e não desistiremos?, frisou. (Foto: Dálie Felberg/Alep)