De Zen: suinocultor deve se planejar com os pés no chão
Em palestra aos participantes do Brasil Pork Event 2019, realizado nesta semana em Foz do Iguaçu, o pesquisador do Cepea/Esalq-USP, Sérgio De Zen, recomendou cautela, ressaltando que a suinocultura brasileira pode e deve, sim, usar sua capacidade ociosa para suprir as oportunidades de exportações para a China. Mas alertou que, ao projetar investimentos na expansão da produção de suínos, somente deve tomar como base os dados de 2018.
"Quem se basear nos dados de 2019, impulsionados pela demanda chinesa, pode perder dinheiro em cinco anos, quando se atinge a maturidade desse tipo de investimento", afirmou De Zen. Segundo o pesquisador, direcionar as exportações com maior foco para a China pode criar uma dependência que no futuro pode ser prejudicial.
Passada a situação sanitária do país asiático, sua necessidade por importações pode diminuir e afetar a suinocultura brasileira. De Zen cita números de 2010, quando a Rússia absorvia 44,1% das exportações brasileiras, enquanto Hong Kong ficava com 17,9%. Hoje, segundo estatísticas de janeiro a julho de 2019, a China responde por 28% das vendas externas, Hong Kong 22% e a Rússia limita-se a 7%, enquanto 41% de nossas exportações destinam-se a mais de 100 outros países, alguns com alto potencial futuro. "Não podemos neste momento direcionar tudo para a China, virando as costas para esses mercados", ressaltou, lembrando os efeitos negativos que a dependência para os russos trouxe para a suinocultura no passado. (Foto: Divulgação)