Mídia usa caso Bezerra para atingir Bolsonaro
"PF diz que propina de líder do governo no Senado chegou a R$ 5,5 milhões" - portal Uol/Folha de S. Paulo; "PF faz buscas contra líder de Bolsonaro no Senado em caso de corrupção" - revista Veja; "Alvo da PF, líder do governo no Senado põe cargo à disposição" - portal G1/Rede Globo.
Quem leu as manchetes acima nesta quinta-feira (19) e não se ateve aos detalhes da notícia, certamente ficou com a impressão de que o novo governo em pouco ou nada se difere dos imediatamente anteriores, e que não levou dez meses para receber o carimbo da corrupção desnudada pela Lava Jato.
Tais manchetes não estão de todo erradas na medida em que relatam um fato concreto de investigação policial, mas, pela parcialidade, passam uma ideia equivocada do caso envolvendo Fernando Bezerra e o filho Fernando Bezerra Coelho, o primeiro senador pelo MDB e o segundo deputado federal pelo DEM, ambos de Pernambuco.
Acontece que o caso investigado não guarda nenhuma relação com o governo de Jair Bolsonaro e sim com o governo de Dilma Rousseff, do qual Bezerra pai foi ministro da Integração Nacional e, como tal, tinha a missão de comandar as obras da transposição do Rio São Francisco.
Prova está que a operação de busca e apreensão feita hoje foi baseada em delações premiadas da Operação Turbulência, deflagrada em junho de 2016, muito antes de se saber quem disputaria a eleição de 2018 para a Presidência da República. E como se isso não bastasse, a decisão judicial que autorizou essa ação da Polícia Federal é ainda mais antiga, de 2012, período em que a família Bezerra teria obtido o primeiro R$ 1,5 milhão em dinheiro de propina. (Fotos: Senado/Câmara)