Motivo de racha no PSL tem nome: Flávio Bolsonaro
Filho mimado, pai complicado. Jair Bolsonaro deixou o hospital ontem com a expressa orientação médica de permanecer em repouso até amanhã, mas cogita fortemente a possibilidade de reassumir a Presidência da República ainda hoje em um esforço hercúleo para estancar a crise interna de seu partido.
O quadro se agravou sobremaneira ontem, quando a juíza aposentada e senadora mato-grossense Selma Arruda, conhecida no Congresso como "Moro de saias", anunciou a decisão se transferir para o Podemos do senador paranaense Alvaro Dias. E ao justificar sua saída do PSL, ela disse com todas as palavras que um dos principais motivos foi a pressão sofrida do filho do presidente e também senador Flávio Bolsonaro para retirar sua assinatura do pedido de instalação da CPI da Lava Toga.
O senador paulista Major Olímpio saiu em defesa da colega. "Nós que representamos a bandeira anticorrupção do presidente. Eu tentei convencê-la a ficar e resistir conosco. Quem tem que cair fora do PSL é o Flávio, não ela. Gostaria que ele saísse hoje mesmo", desabafou.
Mas a abrupta decisão do Olímpio de militar pela saída de Flávio do PSL vai além das discordâncias sobre a CPI da Lava Toga e coloca em jogo também a corrida eleitoral de 2022 em São Paulo. Bolsonaro pai já deixou claro que a opinião do filho será decisiva na hora de definir quem será o candidato do partido e Olímpio, que pretende disputar a sucessão de João Dória, já recebeu sinais claros de que não é o nome preferido de Flávio.
Enquanto as dificuldades do Governo no Congresso eram apenas com a oposição, Bolsonaro até estava tirando de letra. Com a própria casa pegando fogo, no entanto, só o tempo poderá mensurar a capacidade do presidente, conhecido por um discurso historicamente incendiário, para agir como bombeiro. São os ossos do ofício - ou melhor, da política. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/AGBR)