Mandante de crime político é preso após quase 20 anos
A polícia do Paraná confirmou a prisão do contratante de um dos crimes de maior repercussão no Estado. Azemir João de Barros, conhecido como Azemir Manfron, foi capturado e levado ao Complexo Médico Penal de Pinhais na última terça-feira.
Ele estava condenado a 16 anos e 7 meses de prisão como mandante da morte do então pré-candidato a prefeito de Almirante Tamandaré, Miguel Donha (foto), ocorrido há quase 20 anos. Donha era bancário de profissão, político por essência e pertencente aos quadros do PPS, hoje Cidadania.
A morte de Donha chocou o Paraná no início de 2000. Assassinado no dia 22 de janeiro daquele ano, ele era o principal nome da oposição para a disputa das eleições para prefeito do município, que fica localizado na Grande Curitiba. Na época a prefeitura era comandada por César Manfron, candidato à reeleição e irmão do condenado pelo crime.
Na noite do crime, Donha e sua mulher, Iara, retornavam de um casamento quando foram abordados por dois homens no portão da chácara do casal. Ambos foram levados até Rio Branco do Sul e, no trajeto, Iara foi abandonada pela dupla. Em seguida, os criminosos dispararam contra as pernas de Donha, que teve uma artéria perfurada e não resistiu.
Três semanas após o crime, a polícia prendeu o mecânico Edson Farias, acusado de ser o autor dos disparos. Edson identificou seu comparsa apenas como Zé e disse que havia sido contratado por um motorista da prefeitura, Antônio Martins Vidal, o Tico Pompílio, para dar um susto em Donha. Em troca do serviço, Edson receberia R$ 300 e um cargo na prefeitura. O irmão do prefeito foi citado nas investigações como mandante do crime.
Edson, Tico Pompílio e um cunhado do motorista foram assassinados no decorrer do processo. O motorista da prefeitura seria apenas o contratante do crime, restando à Promotoria a tarefa de identificar os verdadeiros mandantes.
Em 2017, Azemir Manfron, irmão do ex-prefeito, foi condenado por mandar matar Donha. Houve recurso da defesa e agora a Justiça determinou a prisão do acusado. Antes, em 2014, José Geraldo, seu cúmplice, foi condenado a 13 anos e 7 meses de reclusão.