Os fogos globais
J. J. Duran
Arde a Amazônia, mal chamada de pulmão do mundo, porém também ardem a Chiquitina boliviana e a bacia do Rio Congo na África Central, considerada a segunda maior zona tropical do universo. Enfim, o mundo todo parece estar prestes a sucumbir em um holocáustico mar chamas. São fenômenos que resultam do aquecimento global, que produz estiagens cada vez mais prolongadas.
Por isso, soam muito estranhas as afirmações atribuindo a culpa pelo reaparecimento voraz do fogo na Amazônia a Jair Bolsonaro, cujo governo tem estimulado uma agricultura extensiva. Certo está o presidente brasileiro ao colocar junto a seu reconhecido nacionalismo a negativa absoluta de negociar a soberania brasileira essa fatia do Brasil.
Não é novidade que as vozes que ousaram, uma vez mais, defender a tese de domínio internacional sobre a Amazônia tenham partido de potências de história biográfica colonialista, raposas depredadoras não só das florestas, como também das grandes riquezas existentes nas entranhas do solo indo-americano.
É imperativo que em momentos difíceis como o que estamos vivendo a sociedade deixe de lado o viés ideológico para unir esforços e intenções na defesa da bandeira verde-amarela.
As cúpulas diplomáticas da Europa milenar sempre deram mostras da duplicidade existente entre o pensamento e o discurso. O triste tratado de 1939, que permitiu sangrar não só Europa e Ásia, mas a humanidade como um todo com a II Guerra Mundial, deixou uma triste recordação.
As cúpulas políticas europeias travestidas com pomposa liturgia diplomática têm a intenção secreta, via ajuda humanitária, de colocar um pé na cobiçada riqueza mineral guardada sob o solo amazônico. E seus encontros, longe de apagar incêndios, na verdade têm a intenção de vulnerabilizar as mais elementares noções de soberania.
Por tudo isso, devemos nos inspirar no saudoso ministro Santiago Dantas, um tor insaciável do respeito pela soberania dos povos, para nos posicionar ao lado do presidente na defesa da soberania brasileira e rechaçar esses incendiários propagadores de um colonialismo que repousa nas páginas amarelas da História.
Os fogos globais enlutam não só as terras onde arrasam tudo, mas também a esperança de se viver em um mundo justo para todos os povos.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras