Cultivo em terra alheia gera prejuízo a produtor
A safra de grãos 2018/19 não foi boa para os agricultores paranaenses que plantam suas lavouras em terras arrendadas. E os piores resultados foram registrados nas regiões de Cascavel e Londrina, onde muitos produtores amargaram prejuízos com as safras de soja e milho, conforme apurou levantamento do Projeto Campo Futuro, desenvolvido pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura) em parceria com o Sistema Faep/Senar-PR.
A pesquisa comparou custos de insumos utilizados na lavoura (de sementes e fertilizantes a agroquímicos) e gastos com operação mecânica, mão de obra, operações terceirizadas e depreciação de máquinas e equipamentos com a produtividade alcançada e os preços médios de comercialização.
Nas áreas arrendadas, o prejuízo foi generalizado em Cascavel. Nas duas variedades de soja pesquisadas - Intacta e a RR (resistente ao glifosato) - as perdas médias foram, respectivamente, de R$ 324 e R$ 415 por hectare. No milho safrinha, o desempenho foi ainda pior, com um prejuízo de R$ 848 por hectare. O mau desempenho está relacionado tanto à quebra de safra - que trouxe impactos diretos à produtividade local - quanto aos preços de comercialização. Em Londrina, os prejuízos se concentraram nas culturas de soja Intacta (déficit líquido de R$ 136 por hectare) e milho safrinha (R$ 77 por hectare).
"No período de desenvolvimento dos grãos, houve estresse hídrico, falta de chuva. Isso reduziu a produtividade abaixo da média histórica. Além disso, o preço médio ponderado registrado em Cascavel e Londrina foi menor do que em outras regiões. E o arrendamento piora essas condições, porque ainda tem o custo da terra. Cascavel, por exemplo, tem o arrendamento mais caro do País", explicou Luiz Eliezer Ferreira, economista do Sistema Faep/Senar-PR.
Para exemplificar o que o economista apontou, a soja atingiu preço médio de R$ 75 por saca em Guarapuava, enquanto em Cascavel a saca foi comercializada, em média, a R$ 70,80. Guarapuava também teve produtividade bem maior, de 70 sacas por hectare, e Cascavel de apenas 45,5 sacas por hectare.
ÁREAS PRÓPRIAS
Para os produtores que cultivaram em áreas próprias, as margens foram bem melhores, pois o arrendamento não pesou na composição dos custos de produção. Mesmo em praças que enfrentaram quebra de safra e onde os preços de comercialização não tiveram desempenho tão bom, os produtores conseguiram ficar no azul, ainda que com margem menor.
Os agricultores que cultivaram soja Intacta, por exemplo, tiveram margem líquida média de R$ 416 por hectare em Cascavel e de R$ 669 em Londrina. Em Castro e em Guarapuava, a mesma variedade gerou lucro médio de R$ 1.381 e R$ 1.446 por hectare, respectivamente. (Foto: Divulgação Faep)