Soja responde por 40% do saldo do agronegócio
Com o aumento da população mundial, a demanda por alimentos cresce e alavanca uma cadeia de produção, pesquisa e comércio vigorosa. O desafio permanente é por produtividades cada vez maiores, principalmente de soja, uma das commodities mais consumidas na atualidade. Esse foi o centro dos debates de um workshop realizado em parceria pela Grap Agrocete e Coopavel. Cerca de 300 técnicos e cooperados estiveram na associação atlética da cooperativa, na noite de terça-feira, para ouvir o que dois doutores em pesquisa de soja tinham a falar sobre o assunto.
O doutor Elmar Floss, professor e pesquisador gaúcho, abordou o tema Manejo de soja visando a altos rendimentos. Ele começou sua exposição falando da importância da oleaginosa no cenário mundial. Com origem na Ásia, a soja passou a ser cultivada em várias regiões e foi, no período de 1976 a 2019, a cultura que mais cresceu no mundo - 701%. O milho avançou em cerca de 300% no mesmo espaço de tempo. Elmar deu alguns números que ressaltam o protagonismo do grão na balança comercial brasileira.
Somente em 2018, o saldo do agronegócio foi de US$ 100 bilhões, desses US$ 40 bilhões somente da soja."É muito dinheiro. Soma vital para irrigar uma economia próspera e regiões desenvolvidas como a de vocês?, citou o professor. O que seria do Brasil, do Paraná e do Oeste do Estado sem a cultura da soja, questionou ele. A principal atividade agrícola brasileira é também a base econômica do agronegócio na Argentina e Paraguai."E o mundo quer a soja devido à proteína, já que o grão é a maior fonte de proteína vegetal que existe". O rendimento nos campos dobrou na região nos últimos 25 anos, mas há casos em que o crescimento foi três vezes maior.
Mesmo que nenhum novo cultivar fosse lançado na próxima década, a produtividade da soja seguiria crescendo no Brasil, conforme Elmar Floss. Para isso, basta fazer um cuidadoso manejo de pragas. Algumas medidas devem ser adotadas de forma conjunta para que o desafio das altas produtividades seja continuamente vencido. É preciso melhorar as condições gerais do solo, escolher o melhor cultivar, investir em semente de qualidade e em cuidados na semeadura. Também é recomendado contar com nutrição e adubação equilibrada, minimizar o estresse de abióticos e promover rigoroso controle de plantas daninhas, pragas e patógenos.
Floss, que é autor de vários livros sobre cultivos, disse que a melhor população produtiva é aquela na qual todas as plantas sejam produtivas. Ele pediu atenção com a temperatura do solo, com o espaçamento, número de sementes aptas por metro quadrado e uniformidade das plantas, e garantiu:"Não há genética milagrosa sem fertilizantes". O professor apresentou um dado que considera estarrecedor. Recente pesquisa da Embrapa indica que apenas 15% dos produtores rurais aplicam adubo e calcário com base em análise de solos."Nossos avós agiam assim, mas porque na época nem laboratório de análises existia. Hoje temos inúmeros recursos que nos permitem produzir mais, melhor e com resultados gerais superiores".
A alta produtividade da soja depende de 53 fatores, porém as tecnologias disponíveis asseguram aos sojicultores seguir melhorando a sua performance a cada safra. O professor e pesquisador Marcelo Batista falou sobre Manejo nutricional em soja: princípios e práticas. Ele destacou aspectos como adubação de áreas de fertilidade construída, como proceder a amostragem, pH do solo e disponibilidade de nutrientes, importância da correção de solos, efeito do alumínio nas plantas de milho e trigo e dos principais problemas advindos do baixo pH.
O professor Marcelo ressaltou o papel do calcário e a sua função de elevar o pH do solo, formas de aplicação e também quanto à calagem e produtividade da soja. Por último, o agrônomo Michel de Oliveira falou sobre Grap Grad, ferramenta essencial para explorar o potencial produtivo da soja. (Foto: Divulgação Coopavel)