Tempo de lucidez
J. J. Duran
O novo momento político vivido pela República despertou em todos os brasileiros a lucidez sobre a força de suas virtudes e também de seus defeitos, bem como a consciência de que o passado recente entrou nas páginas da História como oportunidade lamentavelmente perdida, pela classe política, para instalar na democracia um tempo de grande desenvolvimento econômico e social.
E progredir com entendimento é imperioso neste momento em que se vislumbra um horizonte com perspectivas de grandeza para nossa República dentro da ordem globalizada.
Para que isso seja possível, porém, é necessário que o governo entenda que existe uma histórica necessidade de conciliar antagonismos temporais para reduzir incompatibilidades políticas ou doutrinárias, eliminar diferenças mais conceituais que de fato e racionalizar esse momento ímpar que oferece o marco mundial para o Brasil.
Deve o governo mostrar que não tem compromisso com o passado e que o saudosismo não contaminou a visão isenta dos homens de farda que hoje, democraticamente, estão prestando valioso serviço à República. Pela cultura republicana de seus componentes, não deve o governo fomentar revanchismos, pois isso seria uma atitude tacanha e facciosa.
Sabemos que o discurso agressivo do presidente Jair Bolsonaro significa a ratificação não só de seu temperamento e formação profissional, como também dos compromissos assumidos em campanha, mas o passado deve ser incorporado à História, que ficará encarregada de registrar os lamentáveis erros imorais de uma era dominada pelo populismo. É fundamental nos situarmos nos dias atuais com suas urgências econômicas e sociais.
A tarefa é difícil devido ao frescor das feridas deixadas pelo infame tempo recente, porém é de significação restauradora da credibilidade da política e dos políticos e não permite desânimo nem resgate da mensagem desagregadora. O tempo do desencontro irracional precisa ser definitivamente superado.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras