Brasileiros divididos sobre uso medicinal da maconha
Apesar de considerada a mais suave entre as drogas ilícitas, está mais que comprovado que a maconha faz mal à saúde e comercializá-la não é mais crime hediondo, conforme decisão de maio do ano passado do STF (Supremo Tribunal Federal), mas continua sendo crime inafiançável na legislação brasileira.
Isso ajuda a explicar o fato de o País estar literalmente dividido sobre o uso medicinal dessa erva, cientificamente chamada de Canabis sativa, conforme demonstra levantamento divulgado nesta quinta-feira (29) pela Paraná Pesquisas. Dentre as 2.018 pessoas de 160 municípios ouvidas pelo instituto entre 20 e 25 de junho, 47% aprovaram a comercialização de medicamentos à base de substâncias extraídas da maconha, mas 44,2% reprovaram - os 8,8% não opinaram.
A questão também está em debate no Congresso Nacional, onde o senador paranaense Flávio Arns protocolou projeto nesta semana regulamentando a comercialização desse tipo de medicamento.
PARA QUE SERVE
No Brasil existe apenas um medicamento com canabidiol (extraído da maconha) autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É o Mevatyl, indicado para o tratamento de espasmos musculares relacionados à esclerose múltipla. No entanto, é possível importar outros medicamentos com essa substância, desde que com autorização judicial prévia, só que custam caro.
Foi por isso que a Anvisa realizou neste mês uma audiência pública, ponto de partida para um debate destinado a decidir de uma vez por todas sobre o tema. Sabe-se que o canabidiol também serve para tratamento de AVC, diabetes, náuseas, distúrbios de ansiedade e até câncer, mas há fortes questionamentos sobre a segurança de seu uso, uma vez que pacientes que se trataram com ele apresentaram quadros de tontura, alterações do apetite, desorientação, humor eufórico, náuseas e vômitos, dentre outros efeitos colaterais. (Foto: Divulgação PF)