TRE-PR vai preparar mulheres para a política
Das 594 cadeiras do Congresso Nacional, apenas 89 são ocupadas por mulheres desde 1º de janeiro deste ano. São 77 deputadas federais e 12 senadoras, soma recorde da história política brasileira, mas ainda assim inexpressiva se levado em conta o fato de elas serem praticamente 52% da população.
De um total de 192 países, o Brasil ocupa a incômoda 152ª posição no ranking de representatividade feminina na Câmara dos Deputados, ficando atrás até de nações como Senegal, Etiópia, Equador, Djibuti e Burkina Faso. Por aqui elas são apenas 10,5% do conjunto de deputados federais, bem menos que os 15% da legislatura anterior.
O Paraná não foge à regra. Há apenas cinco mulheres entre os 30 deputados federais do Estado: Gleisi Hoffmann, Leandre Dal Ponte, Christiane Yared, Luísa Canziani e Aline Sleutjes. Na Assembleia Legislativa o quadro é ainda mais desalentador, com apenas três representantes femininas em um colegiado de 54 deputados: Maria Victória, Cristina Silvestri e Luciana Rafagnin.
E quanto mais se interioriza essa análise, pior é o retrato. A Câmara de Vereadores de Cascavel, por exemplo, voltou a ter uma mulher na sua composição com 21 cadeiras apenas em abril passado, quando a suplente Nadir Lovera foi empossada em substituição ao vereador cassado Damasceno Junior. Isso não ocorria desde 2014, quando Danny de Paula havia assumido por um curto período.
Antes dela, apenas outras nove mulheres haviam passado pelo Legislativo cascavelense em quase 60 anos: Eliza Aparecia Vieira Simioni foi vereadora de 1969 a 1972; Marlise da Cruz foi vereadora por três legislaturas consecutivas, de 1977 a 1992; Terezinha Depubel exerceu dois mandatos também seguidos, de 1983 a 1992; Léo Risso também cumpriu três mandatos, de 1993 a 2004; Egídia Covatti foi vereadora de 1983 a 1992 e assumiu como suplente nas legislaturas que foram de 1993 a 1996 e de 2005 a 2008; Olga Bongiovanni foi vereadora de 1993 a 1996. Além delas, Vania Mombach assumiu interinamente como suplente na legislatura de 1993 a 1996, o mesmo ocorrendo com Rosi Gurgacz na legislatura de 2001 a 2004 e com Rosa Alice Ligeiro Rafael na legislatura de 2009 a 2012.
HORA DE AGIR
Determinado a mudar de vez esse cenário, o presidente do TRE-PR (Tribunal Regional eleitoral do Paraná) acaba de constituir a Comissão de Estudos para Implementação do Projeto Mulheres na Política - 2020. Presidida pela juíza da 4ª Zona Eleitoral de Curitiba, doutora Flávia da Costa Viana (foto), a comissão é responsável pelo evento"Mulheres na Política: construindo candidaturas?, que será lançado no dia 3 de outubro em Curitiba e depois levado às principais cidades do interior do Estado, com inúmeras palestras gratuitas voltadas à formação de lideranças políticas femininas.
"O objetivo do nosso projeto é, em última análise, aumentar a representatividade feminina na política. Pretendemos capacitar mulheres e encorajá-las a ingressar na vida pública, oferecendo ferramentas que as auxiliem na construção e no êxito de suas eventuais candidaturas", diz Flávia, lembrando que se trata de uma iniciativa inédita na história da Justiça Eleitoral brasileira. (Foto: Divulgação TRE-PR)