A credibilidade da informação
J. J. Duran
A forma de editar uma informação para ser passada ao público sem cair na violação das normas éticas e legais que circundam a liberdade de expressão e de imprensa é uma operação silenciosa, delicada, um desafio para a capacidade de dar credibilidade ao seu teor.
Existe uma linha tênue entre o que é proibido e o que é permitido para valorizar uma matéria que não pode ser desrespeitada no conteúdo para não ferir princípios, principalmente quando trata de uma informação em off.
Preservar a identidade da fonte quando se trata de informação altamente importante é um dever e, ao mesmo tempo, um direito sagrado da profissão. Porém, isso muitas vezes significa navegar em águas turbulentas.
O sigilo da fonte informativa, aliás, é princípio consagrado na prática e assumida como válida pela jurisprudência majoritária dos países democráticos.
Porém, a liberdade de opinião não dá direito à criação de um cenário inverídico para distorcer um fato. Esse delito, como nos ensina o insigne jurisconsulto indoamericano Benjamin Villegas Basavilvaso, compromete não só quem o noticiou, mas também a fonte. Em outras palavras, silenciar sobre o conhecimento de um fato grave é delito tanto quanto inventá-lo para prejudicar alguém.
Nos países onde a democracia é letra dourada sem valor aplicativo, onde a democracia existe na valorização de uma só das partes em conflito, informar é uma tarefa muitas vezes inglória.
Muitos de nós velhos trabalhdores da imprensa sofremos duríssimas represálias por não nos calarmos ante os desmandos de um tirano que, com sua democracia particular, cobra silêncio e submissão.
Muitas vezes, quando o jornalista - e o articulista em um grau ainda mais elevado - informa a verdade não reconhecida por uma das partes do conflito, está se equilibrando nessa tênue linha que o censor oficial decide se é lícita ou não.
Na maioria esmagadora das matérias que hoje circulam nas redes sociais, o vocábulo clickbait (caça-clique na língua portuguesa) parece indicar ao jornalista que a informação a ser publicada se encontra dentro do limite legal e aceitável.
Não poder poder cruzar as linhas do possível e do lícito impostas por quem tem o poder de classificar pensamentos, uma aberração inominável, muitas vezes priva o povo do direito de conhecer verdades capazes de destruir falsas biografias e desnudar a verdade sobre figuras construídas como castelos de areaia.
Já nonagenário, sou testemunha de que essa linha tênue mutilou muitas verdades no mundo todo.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras