A morte do mensageiro
J. J. Duran
Desde o tempo que o rei armênio Tigran II ordenou a decapitação do mensageiro que lhe deu a má notícia da derrota de Luculo e suas tropas segue viva uma frase que diz:"Não mates o mensageiro porque é certo que ele já avisou a muitos outros que a mensagem significava sua morte".
Nesse tempo altamente voraz no cenário político é primário o valor do mensageiro para dar uma informação valiosa. A tecnologia levou a uma diversificação sem precedentes da informação, que satura todos os mortais a ponto de colocar em dúvida a capacidade de absorção de uma notícia.
Na democracia política, não a da linguagem política, existe o pensamento oficial de que tudo o que é informado com caracteres de implicância é uma mentira para enlamear currículos, desvirtuar ações e desestabilizar a pinacoteca dos heróis que rodeiam o poder governante.
Para os pensadores midiáticos, o jornalismo é um berço do mal e deve ser cuidadosamente controlado. Já para as mentes lúcidas de governantes que assumiram seus mandatos com amplo apoio eleitoral, a informação moldada dentro dos cânones que impõe a sensatez é sempre bem-vinda, porque demonstra que toda fama, como todo prestígio, é temporal e não fruto de fortuitas biografias escritas à luz de acontecimentos que revoltam a sociedade.
Em 2017 o jornal mexicano O Universal publicou um artigo dizendo que um ataque a um meio de comunicação motivado pelo desgosto produzido no governo por uma publicação é uma mostra da precariedade do leitor e da limitação da mente daqueles que desacreditam o que não é adoração submissa ao poder.
Importante não é matar o mensageiro e sim absorver a veracidade da mensagem, pois os mortais são efêmeros, mas a verdade é perene e não se encaixa na construção de falsas biografias. E informar a verdade é diferente de promover ataques rasteiros característicos dos meios de comunicação famintos pela grana vinda do espúrio poder da propaganda oficial.
Nessa era digital não existem fronteiras e o que se escreve, muitas vezes, não retrata a verdade verdadeira, apenas a verdade oficial. (Imagem: Wikipedia)
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras