Um pacto real, não utópico
J. J. Duran
O futuro do Brasil passa por uma instância política na qual se debate convocatórias indefinidas contra proposições e arquiteturas ideológicas referenciais de nomes, mas sem o acompanhamento fervoroso da população.
O País precisa de um projeto sério e consensual, com propostas e objetivos que gerem credibilidade. Precisa de um pacto que leve em seu ventre um projeto nacional feito com visão generosa por seus formuladores e deixe de lado o debate mesquinho em torno de interesses pessoais ou setoriais.
Nesse grande pacto, a política e seus agentes devem ter valor fundamental, porém intenções inquestionáveis e com claríssimo desprendimento pessoal e partidário.
O pacto deve ser firmado sem excludentes nem excluídos, pois a República não é patrimônio de uns e exílio para outros. Deve ser fundamentado sem conotações funcionais ou conjunturais, que de nada servem pelo simples fato de serem circunstanciais e não permanentes na vida dos povos.
Deve ser dirigido como proposta que supre o partidarismo e os interesses setoriais, tendo como ideia convocatória todas as forças e todos os pensamentos similares ou contraditórios, unidos como prevalência sobre eventuais diferenças.
Um pacto é inspiração superior de toda democracia quando se avista que a República está à beira do abismo social, econômico e político. E é desafio comum a todos aqueles que pretendem entrar para a História como construtores de um novo tempo.
Para se firmar um grande pacto, é necessário que governantes e governados tenham princípios aglutinadores e sem marcas discrimatórias. Um pacto com sentido nacional para construir pontes de consenso mínimo é básico para se alcançar um tempo realmente de realizações e não de promessas descumpridas. Para que assim seja, precisa ser feito sem divisões entre pobres e ricos e populistas e liberais. E nele não podem existir os vocábulos"nós"e"eles?, apenas o vocábulo"todos".
Tiradentes deve estar mais vivo do que nunca na alma de cada brasileiro se todos quisermos fazer deste País uma verdadeira e grande Nação. Reformar é preciso, mas sem artifícios que contenham benefícios para uns poucos e sacrifícios para muitos.
Está coberto de razão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao dizer que"ou fazemos as reformas e construímos uma agenda conjunta, ou caminhamos para o colapso da estrutura das relações sociais".
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras