Agronegócio avança em novos mercados
Editorial Estadão
Além de assegurar o abastecimento interno regular de alimentos, ajudando a conter as pressões inflacionárias, o agronegócio tem sido o principal sustentáculo da exportação brasileira, sendo responsável pela obtenção de robustos superávits na balança comercial nos últimos anos. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as vendas externas de produtos agrícolas e pecuários somaram US$ 1,23 trilhão entre 1997 e 2017. No ano passado, as exportações do setor foram de US$ 96 bilhões, 13% mais que no ano anterior. Em 2018 continuam em alta, respondendo por 44,8% do total até abril.
São os elevados saldos comerciais obtidos pelo País o que tem possibilitado a redução do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, compensando em grande parte o déficit nas contas de Serviços e Rendas.
O Brasil hoje vende produtos agropecuários para 189 países, praticamente todo o mundo, mas isso não ocorre por acaso. A soja e seus derivados, principal produto agrícola exportado - o Brasil é o maior fornecedor mundial do produto -, funcionam como porta-bandeira, mas o avanço em novos mercados resulta de um esforço concentrado de produtores, exportadores e governo, com o trabalho desenvolvido pela Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Mapa.
A SRI mantém 14 adidos comerciais em 41 países, número que deverá ser ampliado para 25 até o fim do ano, de modo a elevar a representação a 80 países e blocos econômicos, como a União Europeia (UE). Entre os novos nichos de mercado abertos no ano passado, são citados pela secretaria as vendas de carne suína para a África do Sul, produtos lácteos para a Malásia, material genético para países da Ásia, entre os quais a Coreia do Sul, arroz para o Peru, peixes para Israel e carne bovina para a Argentina.
O trabalho da SRI não se resume à promoção comercial, localizando demanda e buscando possíveis fornecedores no País. Ele também abrange auxílio aos exportadores para vencer formalidades burocráticas, que muitas vezes são formas disfarçadas de protecionismo, e foco especial em questões relativas ao meio ambiente, que se tornaram mais sensíveis em vista das preocupações globais com as condições climáticas e proteção à biodiversidade.