O voto da verdade
J. J. Duran
República significa representação, que é a última e insubstituível conquista a outorgar a dignidade republicana ao cidadão eleitor. Porém, falar de representação significa falar de partidos políticos e de voto.
É triste ter de reconhecer que nos últimos 30 anos da indo América (Brasil incluído) o voto caminhou para o descrédito, a desmoralização e o vilipêndio pelo equivocado uso que dele fizeram muitos eleitores. Do erro elementar de se eleger falsas biografias surgiu a década infame, na qual corrupção, corruptos e corruptores formaram a trilogia sinistra do crime contra a República brasileira.
Maus cidadãos, velhos expoentes da mediocridade, se converteram em nefastos políticos. Falsas eram suas biografias e promessas feitas com a maior eloquência para ocultar da simplicidade do homem da rua a sua verdadeira e oculta personalidade.
Logo ao término de cada eleição realizada nesse tempo, esgotado o conteúdo emocional do ato, o eleitor compreendeu com amargura que havia sido ludibriado.
Esses falsos homens públicos fizeram com que os cidadãos simples se identificassem com o sistema democrático como regime da mentira, da mistificação, longe da mulher dos olhos vendados.
Essas falsas biografias foram coparticipes das benesses que outorgava o poder econômico, que, fazendo uso farto da propaganda sistêmica nos diferentes meios de comunicação, empolgava consciências e fazia com que o cidadão menos atento outorgasse seu voto aos aventureiros ávidos pelas joias da coroa, como bem demonstrou a Operação Lava Jato.
Os interesses desses políticos jamais se harmonizaram com os legítimos interesses do povo. A união dos poderes político e econômico neste que foi o maior conluio da história da República misturou, lamentavelmente, a intransigência dos fanáticos com a intransigência dos sectários.
Candidatos insensíveis à realidade que vive o povo se mostraram arrogantes lutadores em defesa dos seus interesses pessoais com um primitivismo próprio de mentes insalubres.
Cuidemos para não votar novamente nos charlatães que uivam famintos de ódio revanchista e só buscam mandatos pelo salvo conduto para continuarem realizando suas investidas aventureiras.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras