A dura realidade
J. J. Duran
Vivemos um tempo de crise não só no Brasil e nas vizinhas Venezuela e Argentina, mas universal. A humanidade se debate angustiada em meio a um turbilhão de paixões e ódios gerado pela procura insana de uma hegemônica superioridade econômica que escraviza os povos.
Ainda que não seja reconhecida a agonia dos valores morais republicamos, assistimos a uma absurda tentativa de pensadores tribais de colocar no centro do debate velhas ideologias.
Soberbos prodígios da tecnologia estarrecem as mentes comuns ao se julgarem uma espécie de rivais de Deus e as religiões, debilitadas, já se sentem fragilizadas em seu esforço para iluminar e disciplinar consciências.
A moral se dilui em meio ao materialismo, ao consumismo sem fronteiras e o desvalorizar da mulher por um machismo pervertido que faz apologia à violência como método para impor a ordem.
O jovem planeta Terra, uma espécie de oceano com centenas de milhões de náufragos, vê um clima enfurecido inundar desertos áridos com tsunamis de água, e as cidades sucumbirem à invasão de pragas mortíferas.
Ao divorciar-se da ética e do humanismo, a economia se reduz a uma só lei: o direito dos povos ricos de seguirem aumentando suas riquezas à custa da fome dos povos pobres.
Os genocídios já não são culpa de idiotas adoradores de ideologias de raças superiores, mas sim do abandono material e moral a que foram relegados muitos povos catalogados como subdesenvolvidos e que sucumbem na busca de um mísero prato de comida.
Os poderosos governantes da nova cruzada cívica pentecostal não querem ver nem reconhecer que, a continuarmos nessa macabra corrida rumo ao abismo, vamos contemplar o fim de uma civilização.
A tecnologia informativa derrubou barreiras e nos conduziu a um tempo em que vivemos bombardeados por informações que cruzam as fronteiras do pensamento e do raciocínio com rapidez maior que a velocidade da luz.
No Brasil, vivemos entre vicissitudes que nasceram da crise ampla e profunda que assola a maioria dos setores, e a moral pública agoniza num lamaçal de corrupção que se espraiou pelo País inteiro e deixou metástases por todo lado.
Esta é a pura realidade, apesar de contestada pelos defensores da cruzada do fanatismo, da intolerância, da violência e da nova ordem.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras