Vitória de Mário Benitez remete paraguaios à ditadura Stroessner
A vitória do candidato governista Mario Benitez na eleição de domingo é vista, sobretudo pelos mais velhos, como uma aposta arriscada do eleitorado paraguaio. Não pelo discurso dele, que tomará posse no próximo dia 1° de julho próximo no lugar de Horácio Cartes, mas por sua origem familiar. Marito, como é mais conhecido, carrega o mesmo nome do pai, conhecido como um dos homens fortes do ditador Alfredo Stroessner, general do Exército que governou o país que faz divisa com vários municípios do Oeste paranaense entre 1954 e 1989.
Talvez por isso apenas 61% dos eleitores aptos a votar tenham comparecido às urnas. Talvez por isso, também, que sua vitória foi bem mais apertada do que apontavam todas as pesquisas realizadas na véspera da eleição - a diferença para o segundo colocado foi de metade do esperado. O resultado final foi anunciado ontem, mas a vitória de Benitez foi reconhecida pela Justiça Eleitoral paraguaia já no domingo à noite, logo que a apuração atingiu 96% das urnas. "Não posso deixar de lembrar meu pai, que foi um grande colorado", disse ele em seu primeiro discurso logo após a vitória, fazendo questão de reiterar sua origem logo após superar outros nove oponentes.
UNIDADE
No pronunciamento, Benitez reafirmou sua promessa de combater a corrupção - Cartes e vários outros membros do atual governo, todos seus apoiadores, respondem a processos judiciais por esse motivo - e convocou a todos para que "divisões estéreis" não venham a prejudicar o futuro do país.
"O povo votou pela unidade do Paraguai, não pela divisão. Hoje me comprometo a ser um fator de união", disse, prometendo dar continuidade à política de incentivos fiscais do governo atual, que ajudou a atrair investimentos e empresas estrangeiras - muitas delas do Brasil. Nos últimos cinco anos a economia paraguaia cresceu, em média, 6%, e um dos maiores desafios do novo governo será combater a pobreza, que atinge um terço da população.
MERCOSUL
Benitez também fez questão de defender o Mercado Comum do Cone Sul, que nos últimos anos levou a uma aproximação muito maior do Paraguai com o Brasil e demais países integrantes desse bloco econômico. "O Mercosul tem um potencial ainda não desenvolvido na profundidade que eu gostaria. Vamos continuar aprofundando os laços com os países do bloco e nos abrirmos ao mundo", destacou. (Crédito: Assessoria)