Universidades: equívocos e mentiras iludem população
A discussão em torno da reforma previdenciária, imprescindível para que o Brasil saia do buraco em que se meteu, deu lugar a um novo debate acalorado e recheado de equívocos e mentiras desde o final de abril, quando o Ministério da Educação bloqueou parte do orçamento das 63 universidades e dos 38 institutos federais de ensino e motivou uma onda de protestos. Para que seus leitores não continuem sendo enganados, o Alerta Paraná desenvolveu um minucioso trabalho de pesquisa e chegou a números verdadeiros para esclarecer esse imbróglio.
A confusão toda começou com um anúncio do próprio MEC informando que estava cortando 30% do orçamento, o que não é verdade. E atingiu o ápice com uma matéria equivocada do portal UOL dando conta que, segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a despesa por aluno por aqui era de apenas US$ 3,7 dólares, o que colocava o Brasil em último lugar em investimento no ensino superior federal.
"Confirmamos que os dados dos gastos do Brasil com o ensino superior, retirados da página da OCDE, estavam incorretos. O valor correto é de US$ 14,261 mil", esclareceu esse insuspeito organismo internacional em nota emitida a pedido do jornal paranaense Gazeta do Povo.
Sobre o corte (que o governo prefere chamar de contingenciamento), a realidade é que ele foi de 24,84% sobre os gastos não obrigatórios, chamados de discricionários e destinados ao pagamento de água, luz, material de expediente e pesquisas, dentre outros. O montante que não está sendo liberado é de R$ 1,7 bilhão e representa apenas 3,43% do orçamento total previsto para este ano, que é de R$ 49,6 bilhões.
OUTROS NÚMEROS
O orçamento das universidades e institutos federais de educação foi incrementado em 40% nos últimos oito anos. Apesar de expressivo, esse índice é menor que a inflação do período, que foi de quase 47%. Isso, no entanto, não impediu que várias universidades (incluindo a UFPR, a mais antiga do Brasil e única do Paraná) se vissem envolvidas em escândalos de desvio de muitos milhões em recursos.
O mais recente levantamento disponível revela que em 2016 o investimento por aluno nas universidades federais brasileiras variou entre R$ R$ 14.148 a R$ 81.16, o que demonstra uma disparidade que até poderia existir, mas não em níveis tão elevados.
O Brasil destina atualmente 5% do PIB (Produto Interno Bruto) à educação superior, mesmo percentual da Suécia, por exemplo. Mas enquanto aqui o investimento por aluno é de pouco mais de US$ 14 mil, em Luxemburgo ele chega a US$ 48 mil e nos EUA a R$ 30 mil. No quase vizinho Chile, porém, cai para apenas US$ 8,4 mil. (Foto: Fernanda Brazão/AGBR)