As vozes políticas
J. J. Duran
Pelo que tem sido visto e ouvido na televisão brasileira sobre os debates travados no Congresso Nacional, o primarismo domina absoluto ao novo corpo representativo do sentimento político do povo.
Muitos acreditaram que a eleição ou reeleição dos atuais atores políticos possibilitaria reverter a nefasta imagem deixada no recindo por muitos ex-parlamentares, que usaram a tribuna somente para o cântico gregoriano do amém aos interesses do Executivo ou de grupos privados corruptores. À medida que crescia o número de novos corruptos enriquecidos com a violação da moral republicana, diminuía o esplendor sagrado da Casa do Povo e das leis.
Pós-governos e décadas em que a decadência moral e política não teve freios, os novos gestores, salvo honrosas exceções, parecem candidatos primários na disputa pelos erros e pela incongruência doutrinária.
Empobrece o futuro essa apequenada vocação política construtiva sobre todo um instante no qual a sociedade elegeu o ex-capitão Jair Bolsonaro como figura mítica capaz de reencontrar o caminho do ressurgimento político das instituições fortemente golpeadas pelos desmandos corruptivos.
Votamos para sair do longo entardecer político e moral vivido pela democracia brasileira. Votamos para dar fim às vozes medíocres e submissas aos interesses imorais que apequenaram o Parlamento e mancharam antes respeitadas biografias da política partidária.
Não escutamos vozes que permeiam esperança, o chamado à união sem sometimento cego ao poder de turno, para reerguer a República do estado cadavérico em que ela se prostrou durante as gestões demagógicas de um populismo doente.
Essas vozes que ontem se calaram frente ao poder corrupto são as mesmas que aceitaram a mentira como verdade oficial em troca da propina corruptora.
Que se eleve no Congresso a voz límpida de uma cidadania que, cansada do fracasso político, aposta no reencontro com a Pátria sonhada por Tiradentes.
Que silenciem as vozes laudatórias da imoralidade e da demagogia empobrecedoras da República.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras