SUS deve adotar a pele de tilápia para tratar queimados
Uma técnica simples, barata e menos dolorosa para o tratamento de queimaduras de segundo e terceiros graus poderá ser incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde).
Pesquisa sobre o uso da pele de tilápia para o tratamento de queimados, desenvolvida pelo médico pernambucano Marcelo Borges, foi apresentada ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
No final de fevereiro, o presidente chegou a falar sobre a técnica em uma postagem em sua conta pessoal no Twitter. Na ocasião, disse que a"pele da tilápia tem se revelado excelente"no tratamento de queimados.
Ele adiantou que o governo proporia estudos e, comprovada a eficiência científica, levaria à análise do Ministério da Saúde"para a adoção como terapia de cura alternativa e possivelmente mais barata que as existentes".
Uma vez aconteça, isso será bom para a economia do Paraná, que encabeça a lista de maiores produtores de tilápias do País, tendo atingido 123 mil toneladas em 2018. Em seguida ficaram São Paulo (69.500 toneladas), Santa Catarina (33.800 toneladas), Minas Gerais (31.500 toneladas) e Bahia (24.600 toneladas).
PESQUISA
De acordo com a pesquisa desenvolvida pelo médico na Universidade Federal do Ceará, a pele de tilápia pode ser mantida nas queimaduras por vários dias e tem duas vezes mais colágeno que a pele humana. Por isso, melhora a cicatrização, evita infecções e perda de líquidos e proteínas.
"A tilápia funciona como um curativo biológico, ela tampona a ferida, ela veda, ela adere como se fosse um cola, permanece por vários dias. Isso faz com que haja uma redução tremenda no risco de infecção, mas sobretudo uma grande redução da dor que é bem característica no tratamento das queimaduras?, destaca Borges.
O presidente da Sociedade Brasileira de Queimados, o cirurgião plástico José Adorno, explica que, para ser eficaz no tratamento, a pele de tilápia deve seguir alguns critérios. ?Os enxertos temporários de pele, ou substitutos temporários de pele, têm que ser baratos, de fácil utilização, não podem ocasionar reações adversas e têm que ter biossegurança?, explica.
Países como Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Guatemala e Colômbia também estudam o benefício do tecido no tratamento de queimados.