Os desnorteados opinantes
J. J. Duran
Aparece no firmamento da comunicação, e de forma assídua, a conceituação de que no Governo Jair Bolsonaro existe tremenda divisão entre olavistas e militares.
Os primeiros encabeçados pelos filhos do presidente, que são políticos eleitos democraticamente e que defendem, via redes sociais, as ideias do escritor Olavo de Carvalho, mal conceituado como criador do pensamento da nova direita nacionalista indo americana.
O livro de Carvalho"O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota?, que frequentemente releio, é um amplo manifesto de recortes jornalísticos por meio dos quais o escritor reflete seus pensamentos e sua ideologia política. É um atacado de excelência intelectual e desprezo absoluto aos que não compartilham de seu ideário.
A disputa que realmente existe no seio do Governo Bolsonaro é a que se dá pelo intento de controlar as políticas educacional e de relações exteriores. No MEC, para os olavistas o Brasil tem que se alinhar, quase que religiosamente, com a política e os alvos traçados pelo Governo Donald Trump nos EUA, distanciado geopoliticamente da China e cada vez mais próximo do estado judaico israelense.
Estes seguidores se mostram verdadeiros retrógrados da intelectualidade quando procuram, pela via educacional, fazer um"revisionismo"da história política já nas páginas da história brasileira. O fantasma da esquerda perversa e sua suplantação pela ultradireita parece ser o objetivo.
Já os militares, por sua formação e cultura políticas, são pragmáticos. Colocam como objetivo de todos os seus atos integrar o Brasil à ordem internacional, onde a cogestão está acima de momentâneos desvarios políticos e ideológicos.
É importante observar que nestes tempos econômicos em que os mercados asiáticos e os ricos países árabes se convertem na maior envergadura da balança comercial brasileira, traçar uma forte linha divisória é uma jogada de altíssimo risco.
Por razões pessoais e respeito a este fraterno Brasil, seria capaz de apostar que, nesta disputa, o ex-capitão Jair Bolsonaro daria sua palavra final em favor dos colegas de farda.
Certa vez um inteligente general argentino me disse:"Duran, nós jamais miramos nosso olhar para o quadro do momento, apenas para o quadro do futuro, que depende justamente do que fazemos hoje".
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras